segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ainda o Espectáculo do grupo ADUF em Monsanto

 É verdade ,as fotografias que coloquei na última postagem ,são da actuação dos ADUF nas comemorações dos 25 anos do Rádio Club de Monsanto que todos os habitantes da Beira Interior bem conhecem . Foi um espectáculo memorável . A quem conhece o som do adufe e sabe que os que normalmente, as  mulheres tocam têm 45 cm de lado ,  peço que imagine 4 adufes de metro e meio de lado a ecoarem por essa campanha idanhense ... É fenomenal .! Só tinha sentido tal sensação única quando , há  anos na Feira Raiana , ao cair da noite ,se juntaram mais de 100 adufeiras tocando ... É algo que vêm do fundo dos tempos e , como parecem apontar os últimos estudos , exactamente da Suméria .Por isso permitam-me que diga :

Ouço vozes a cantar
vindas do fundo dos tempos,
e o adufe a tocar ,
seu toque me dá alento ...
Seu toque me dá alento
e m'embala o coração,
ecoando como ecoa ,
julgoaté tê-lo na mão.
Mas não , ele não está
 comigo neste momento ,
seu toque vem de mui longe ,
do mais profundo dos tempos .
E tempo longínquo é esse ,
em que tocar já se ouvia ,
por terras do Oriente ,
donde o adufe viria .
Veio do mais fundo dos tempos ,
este pandeiro quadrado,
Sumérios e Lusitanos
o devem já ter tocado.
Tocado à «Mãe Natureza »
 também aqui s'escutou
e com seus sons e beleza ,
connosco ele ficou.
                   Quina Salgueiro , 20/9/20010 , »Ao Adufe »

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Estou cansada... pelo meu país e nele , pela minha terra

 Sim , estou cansada de tanto ouvir falar em F.M.I. . em agências iluminadas que tudo sabem e prevêm , em Bancos que também são sapientíssimos ... De ouvir economistas que anunciam mais catástrofes e sabem mezinhas para tudo solucionar, mas nada avançam de concreto ...Estou cansada de ouvir falar de dívidas a todos e a mais alguém , de critérios de convergências que só os países mais pequenos , territorialmente , têm de cumprir... Mas , também estou cansada do masoquismo dos portugueses... ou de muitos deles ...Quando será que abandonamos o triste fado  que nos espartilha e nos atrofia , quando será que calamos os «velhos do Restelo » e percebemos que somos tão ou mais capazes que os outros ? Sim porque quem  lá fora é dos melhores , cá dentro também tem de sê-lo ! Ou será que ao atravessarmos a fronteira ficamos todos estúpidos ,assim como se nos tirassem o cérebro ao entrarmos e nos devolvessem a massa cinzenta à saida ?!!!Não acredito nisso .. Nós somos capazes de fazer mais e melhor por este país , de o pôr a produzir,  para que não aconteça como tantas vezes me acontece quando  «vou às compras » (assim se diz na minha terra !) ficar desesperada porque não encontro produtos nacionais...Quantas vezes já deixei as pessoas em volta a pensar que estou louca quando digo em voz alta :«não há português ,não levo !»E creiam que não levo mesmo !!! Dir-me-ão ,« é a globalização ! »Pois , mas parece que essa também é especial para nós ,porque para os outros, logo aqui ao lado , já não é assim..É só uma questão de confirmarem ...Eu já o fiz ...Então dir-me -ão vozes : «... foram vocês que iniciaram a globalização»! Pois e os vizinhos do lado não meteram o bico , as mãos etc , etc , até chegarem ao Tratado de Tordesilhas ?! E os outros vizinhos por aí fora , não foram todos a correr fazer o mesmo ? Sabem em rio-me sempre quando ouço dizer que nós ,no séc. XVIII , enriquecemos à custa do ouro do Brasil.. De facto , quem enriqueceu foram os ingleses ,nós , quanto muito , fizemos de ponto de passagem para eles e o resto da Europa encherem os bolsos e fazerem a tão falada revolução industrial . Apetece-me aqui citar o Professor Agostinho da Silva que  a propósito dos fundos europeus disse a certa altura ; «Deixem-nos mandar-nos fundos deixem , porque com eles ainda não nos pagam nem os juros do dinheiro que lhes metemos nos bolsos com a expansão !»Na altura fiquei a meditar e até um pouco espantada ,pois nunca tinha pensado nisso ... Depois , muitas vezes pensei que ele tinha razão e cheguei mesmo  analisar a sua afirmação com os meus alunos .
 Sei que já vai longo o meu desabafo , mas lembre-se disto o povo português ,quem fez a expansão com um milhão e meio de habitantes também tira o país desta crise (somos 10 milhões  ,só cá dentro , não é ?!!) ,
«.. pois quem passou além do  Bojador tem de passar além da dor...» disse Fernando Pessoa . E por favor não  esqueçam , sem me considerarem eivada de um patriotismo serôdio :  Somos o Estado -Nação mais antigo da Europa ! Também não repitam até à exaustão : «somos pequenos e pobres !!! » Coitadinhos de nós ! Não se vitimizem . Lembrem-se antes de que a maioria dos Estados desta União é do tamanho do nosso ou ainda mais pequeno ; e  quanto a pobreza ,  será que não estamos a menosprezar os imensos recursos na terra e no mar que estamos a desaproveitar ?! Creio que sim...Olhem àvossa volta ...pensem...
           Quina Salgueiro ,a 23 de Setembro  de 20010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Este é um verdadeiro poema...

     Na aldeia mais portuguesa , Monsanto , que pertence ao meu concelho ,
  aconteceu ,mesmo lá no cimo , aquilo que ,infelizmente  , é como que um
 milagre para essa terra  : NASCEU UMA CRIANÇA  !!!...É verdade !!!
Não, não é meu familiar ; não o soube por SMS , por email ou por telemóvel ..
Foi notícia na Antena 1 da RTP. Sim, porque num dos concelhos mais desertificados
do país  ( a desertificação  é uma situação que vai acontecendo por todo o
 interior ) ,um nascimento é uma verdadeira benção . Eu costumo
 dizer , em tom meio a sério meio a rir , mas com mágoa ,  que toda a gente
 neste país anda  há séculos a correr para o litoral e que um dias destes com
 tanta gente acumulada nessa zona , esta  parte-se e os espnhóis começam
 a ficar com varanda para o mar... Mas ,não tem graça nenhuma esta minha
pseudo anedota... Pelo contrário ... Quando será que  os que nascem no
Interior vão poder ,como se diz por lá «governar a vida na sua terra »sem lhes
 acontecer como a mim que fui «desterrada »( também é como eu me
costumo designar -DESTERRADA ) aos 17 anos ? Claro que também digo
 que agora já teria estudado na minha terra mas, será que tinha trabalho ?
Só espero ,do fundo da minha alma ,que o Nicolau (é o novo bébé )não tenha
um dia que sair da sua terra ou do seu concelho; que nestes anos o nosso
concelho atraia  gente nova e novos investimentos ;que ele não tenha que
deixar o «Monte Santo», terra única  onde a natureza nos faz sentir pequeninos
 e onde todos se conhecem e dão as mão,por terras onde ninguém conhece
 ninguém  e o humanismo fo substituido por egocentrismo... Toda a felicidade
do mundo para o Nicolau ,que o mundo dele seja melhor do que o nosso..
                                       Quina Salgueiro ,uma idanhense desterrada...

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 9

O verde dos salgueiros brilha ao longe ,
misturado com o dos choupos e das ervas ,
recorta-se assim no azul de onde ,
o céu se espelhou sem ter reservas .
 A brisa sopra suave , sem queixume,
e nesta tarde quente  , a calmaria
sente-se no ar sem azedume ,
 aves sulcam o céu em harmonia.
O sol «a pique» aquece  assim as águas
 das piscinas da Idanha que o Homem recortou
no meio  de sobreiros , que sem mágoa ,
cederam seu espaço ...e o céu deixou ....
                  Quina Salgueiro 6/7/2003 Piscinas de Idanha- Nova

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 8

Gostava de ter na mão ,
passarinho que voasse,
cantava-lhe uma canção,
para qu'ele aqui ficasse.
Ele cantava comigo
para seu canto soltar ,
eu ,docemente ,  fechava
meus olhos , num embalar .
E embalados os dois
nessa doce cantoria ,
ficariamos , depois,
olhando o céu ,ó magia !...
Mas esse céu só podia
ter um azul sem igual ,
conter toda a harmonia
da minha terra natal ...
Depois , eu e o passarinho
soltavamos nossos sonhos ,
ele voava sozinho ,
eu segui'ó com os olhos ....
E , finalmente ficava
perdida no meu olhar
mirando os céus da Idanha ,
minha terra , meu lugar .
                 Quina Salgueiro , 16/10/2009  (para a Idanha )

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 7

Cai a tarde de mansinho sobre mim,
a Idanha parece incendiar-se,
lá fora o sol queima , é assim ...,
no mês de julho a terra onde nasci !
Nasci p'ra esta vida a toda a pressa,
numa manhã fresca  do mês quente ,
nesta mesma Idanha doutra era ,
doutro século ,doutro tempo, doutra gente ...
Hoje , volto sempre à terra onde nasci ,
nela procuroa calma já perdida ,
por outras terras , lugares que já vi,
sem nunca deixar esta à despedida.
Dos rigores do inverno e do verão,
sempre comigo levei a saudade ,
e por isso voltei , volto e porque não?!,
ontem , hoje e sempre até quedar-me...
                     Quina Salgueiro , Idanha , 8/7/2003

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 6

     «Ouço os sinos cá em cima ,
       o tempo vai a mudar »!!...
       Lanço o olhar à campina
        e sinto a chuva a chegar .
      Contemplo e olho em redor ,
      o que a vastidão m'oferece,
      a vista da minha terra
      alcantilada no ar .
      Estou feliz sentindo o cheiro
      que já paira e sei que vai ,
      da  chuva que caminhando,
      vir até nós como um ai!...
      Um ai que sai da campanha
      que por ela espera e pede
      rega p'ras terras d'Idanha ,
      a chuva cai ao deleve ....
                     Quina Salgueiro , Dezembro de 2009 , Idanha-a-Nova

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 5

A «névoa» cobre a campanha
e inda tapa a Senhora ,
e além, lá p´ra Espanha ,
há «névoa » p'ra muita hora.
Mas no alto , na Idanha,
o sol brilha e nos aquece,
e de maneira tamanha,
que até a data s'esquece.
Ninguém diria qu'estamos
já em dia de finados ,
e mesmo que não queiramos,
o sol nos deixa tisnados.
E quando tal acontece ,
meu coração «s'apoguenta»,
ele recorda outras eras,
de triste recordação...
Mas eu tento não pensar
em tristezas e agruras,
antes quero acreditar
na protecção da Senhora.
Está «névoa » lá na campanha
e tapa inda a ermida ...
o sol escalda a Idanha,
mas ela está protegida!...
Isso também no meu peito ,
 o sabe meu coração,
Que a Senhora , a seu jeito,
nos guarda e dá protecção.
                    Quina Salgueiro , 1/11/2009 , em Idanha -a- Nova

terça-feira, 14 de setembro de 2010

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 4

Gosto de ver-te ó Idanha ,
envolta em nevoeiro,
quando venho da campanha
 e p'ra ti olho primeiro...
Pareces estar suspensa ,
qual encoberto passado ,
tu estás envolta na «névoa »
és um castelo encantado .
 Gosto de ver-te ó Idanha ,
nesses dias irreais,
em que venho da campanha
e passo nos laranjais...
« A velha andou peneirando,
aí não vem coisa boa !...,
dizem vozesdo passado ,
atenta na voz qu'ecoa .
Mas tu pareces de sonho ,
qual castelo encantado
te vejo quando te olho,
paraíso desejado...
Gosto de ver-te ó Idanha
do teu castelo suspensa,
quando venho da campanha,
por irreal que pareça...
Escuto vozes do passado ,
velhas e velhos falando,
contam estórias de História ,
 nelas me vou embalando...
Fico presa na magia
dessa bruma que t'envolve,
«como caiu maresia !!!»
escuto vozes do passado ,
minha alma se comove .
Por irreal que pareça
vozes continuo ouvindo,
é a magia da bruma
e tu que m'estás sorrindo.
                             Quina Salgueiro 31/10/2009 em Idanha -a- Nova

sábado, 11 de setembro de 2010

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a- Nova » 3

É Julho!...
O sol queima a campanha!
Os passáros recolhem aos ninhos
esperando a calmaria passar  .
Só ,de longe em longe, uma andorinha ,
rasga o azul do céu...
A terra parece s'incendiar...
O sol escalda  a Idanha...
Ao ninho recolheu a andorinha...
A quietude reina ...
O sol queima...
É Julho !,
mês quente, muito quente!
Lá longe ,
perto da Senhora ,
deve correr um arzinho ...
Aqui , na vila , o sol escalda !
A andorinha no ninho está quietinha ...
Mas eu , eu estou extasiada ...
Olho o azul do céu .
A pouco e pouco o sol começa a descer ,...
e eu ,...
aguardo o entardecer...
Quero vê-lo cair , tombar ,
subitamente desaparecer...
 Ó como é lindo o pôr -do-sol nos confins da Idanha ...
                                        Quina Salgueiro Julho , 2002 ( em Idanha - a -Nova )

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

«Poemas de mim para ti ,Idanha -a. Nova » 2

   Quem de vós já viu a Idanha
   suspensa lá no cabeço ,
   quando se vem da campanha ,
   em dia de «navoêro »?!
   Nos dias em que está«brusco »
   e o sol não rompe a «névoa»,
   quase s'apanha um susto,
   mas é m'a visão tão bela...
   ver a Idanha suspensa
  no cimo do seu cabeço,
 quando se vêm da campanha ,
 em dia de «navoêro ».
 Julga.se entãoque será
 uma cena de ficção ,
talvez um conto de fadas
ou é mesmo um'ilusão?...
Mas na verdade acontece
que a Idanha está
suspensa no seu cabeço...
Esta visão eu mereço
contemplar e deleitada,
sonho , vejo e m'enterneço
com esta terra encantada.
                    Quina Salgueiro , Natal de 2009 (sempre na Idanha!) 

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

« Poemas de mim para ti , Idanha -a-Nova»1

             Gosto de ver-te , ó Idanha ,
             do cimo do teu castelo ,
             espraio o olhar p'la campanha,
             nunca vi cenário tão belo...
             Nunca vi cenário tão belo,
             olho à esquerda , Monsanto ,
             em frente está a Senhora ,
             depois , eu  olho e m'espanto ...
             Tenho certezas d ´outrora ,
             sinto a bruma que me vem
             lá das origens dos tempos ,
             envolta em fosséis ,além ..
             é  Penha Garcia ...  atento,
             que  magia  que detem...
             Como queria , ó Idanha,
             Estar sempre p´ra ti a olhar ,
             mesmo que veja Espanha ,
             em ti espraio meu mirar .
             Quem me dera ter-te aqui
              sempre ,sempre a toda a hora,
              Sempre pertinho de mim ,
              mesmo que me vá embora .
              Mesmo quando vou embora
              tu estás no meu coração ,
              coração que é da Idanha ,
              nunca perde a ligação  .
              Quantos há , por esse mundo ,
              chorando algures por ti ,
              terra de nossos avós
              deixa-nos voltar aquii ....
              Pairam no ar os queixumes ,
              dos que partiram e não vêm,
              ó Idanha sentirás
              a tristeza que eles têm??!!
              Sinto a bruma do passado
              e logo além está Monsanto ,
              e mais em frente a Senhora ,
              Ela é o nosso encanto .
              Peço p'ra eles voltarem
              e p´ra que eu volte também,
              espraiando o meu olhar,
               entre o divino e o passado ,
              nesta terra de mistérios
              a paz reina em todo o lado ...
                               Quina Salgueiro , Idanha-a- Nova  ,Julho de 2003
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