terça-feira, 4 de outubro de 2011

SERÃO AS TERRAS DE IDANHA-A-NOVA .....madrastas? NÃO !!!...


    Eis uma questão que muitas vezes tenho colocado , quando me interrogo sobre o despovoamento do interior!
      SER   TERRA  MADRASTA  significa ,  para as gentes de Idanha-a-Nova  , ser POUCO FÉRTIL ou NÃO  LHE  GARANTIR  O  PÃO DE  CADA  DIA  . Aliás , é essa a ideia que ao longo dos séculos tem perpassado , justificando assim  ( e constantes foram  tentativas dos nossos 1ºs reis de atrair população , através da doação de cartas de foral !!! ) as migrações periódicas para outras regiões de Portugal , incluindo os 2 arquipélagos e , mais recentemente , para o estrangeiro .      Historiadores e Geógrafos , mesmo amantes da região , como é o caso do Prof,. Dr.Orlando Ribeiro , olham sempre para as terras ao sul da serra da Gardunha , como inóspitas  , áridas , de clima dado a extremos ...No entanto , Orlando Ribeiro já ia dizendo que o Alto Alentejo deveria começar no rio Ponsul , pois as campinas de Idanha-a-Nova já tinham mais de planura do que de montanha !!!Exceptuava , claro , as formações graníticas e quartzíticas de Monsanto e de Penha Garcia , tal como a própria Escarpa do Ponsul  , onde os Templários elevaram a vila de Idanha-a-Nova .

                             Mapa com os  Castelos Templários assinalados . De destacar ainda  , a   VERDE  ,a  antiga VIA ROMANA que atravessava o    concelho e o ligava a ALCÂNTARA   e a MÉRIDA .  A VERMELHO a actual A23 que segue um traçado que vem do séc. XIII ,  mas que ser permitiu reduzir de 6 para 2 horas a ligação a Lisboa e vice-versa  ; espera a construção do IC31 que voltará a colocar , definitivamente , o nosso concelho no eixo  Lisboa /Madrid  As terras de Idanha-a-Nova situam-se a meio caminho desses 2 destinos . ..                                    


     OS TEMPLÁRIOS sim , Idanha-a-Nova , elevada a mando de Mestre Gualdim Pais , no século XII , ficou , até hoje presa à Ordem do Templo . Não que veja nisso qualquer mal , mas porque daí resultou o seu destino de reduto de defesa e de ataque , no que respeito diz à Reconquista Cristã  ,à retoma  aos mouros do território ocupado desde 713   ---ano em que conquistaram a Egitânia , --- e à tarefa de delinear as nossas fronteiras . Ora , tal facto , colocou não só a vila de que vos falo , mas toda a região sobre a qual a Egitânia romana exercera o seu poder , como um baluarte fundamental , 1º contra os mouros , depois contra qualquer tipo de invasão estrangeira ,desde os castelhanos ,aos espanhóis e aos franceses  , do séc. XII ao Séc. XIX . Os Templários levantaram 7 castelos , que pela sua situação geográfica  neste concelho ,mostram como a linha de defesa / ataque  se dispunha , estrategicamente, seguindo o curso  dos   Rios Erges e Tejo . Sendo assim , lógico é que os cavaleiros do Templo passassem a ser os senhores destas terras , tendo depois sido substituidos pelos da Ordem de Cristo .Tal situação ,transformou , nos  séculos XII e XIII  , as terras da Egitânia em "terras onde era perigoso viver" porque sujeitas a ataques e correrias de árabes e  cristãs . Estava , desse modo ,  instituido nas terras da velha Egitânia , não a tradição da "villa romana " cuja estrutura  permanecera até à ocupação árabe e que ainda no século X maravilhara chefes mouros, mas o regime de latifúndio que as  tem dominado desde a chegada dos Templários .Mesmo quando a ordem de Cristo ,nos finais do séc.XVI , começa a perder o seu carácter de ordem militar , se deu a partilha da terra  . E mesmo quando a revolução liberal , fez com que o Estado tomasse para si os bens da Igreja , ao mesmo tempo que com a extinção de vários concelhos , retirou o poder militar  a  muitas antigas fortalezas da linha de defesa , não houve qualquer alteração na estrutura da propriedade egitaniense  . Ele , o latifúndio , manteve-se , apenas as terras passaram para as mãos de nobres afectos ao novo regime tendo , muitos deles , as deixado  ao abandono porque ficavam longe da capital .
      Assim ,sem terra para cultivarem , a que se juntava o afastamento das vias de comunicação ,viram -na  ,os egitanienses  , transformada em zona de  caçadas e de  transumância dos gados fugidos às agruras dos invernos serranos ....Tiveram ,pois , os naturais do concelho de Idanha-a-Nova  de procurar  trabalho noutras terras ,fazendo-o quer temporariamente , quer por longos períodos de tempo . O regresso saudoso da terra , que até parecia madrasta , estava sempre nos seus corações e a pouco e pouco foram entendendo que não era a terra que os maltratava ,mas sim aqueles que continuavam a vê-los como se na Idade Média estivessem e ainda vivessem numa sociedade  de servos da gleba e  suseranos ...A pouco e pouco , foram e , vão continuando   a tomar consciência de que a sua terra é mãe e do que ela  lhes dá . Viram que afinal nela havia rios que a fertilizavam e que como o sangue que irriga o corpo do homem , eles irrigavam essas terras ,através de barragens e canais que se estendem pela campina .Olharam a boa" marouva"*(1) que ela lhes oferece todo o ano, desde os" malapos ,às camoesas ,  meguerdas , tanjarinas ,marroquinas ,tanjas , jospiros , figos de muntas colidades ,abêberas , gatchos ,melões e melancias , pexêgos  carecas ou não , amêxoas, abrunhos , laranjas, da baia à sanguinea  e à verde -doce"*(2) etc , etc ...Viram as searas que fizeram dos seus campos "o celeiro da Beira Baixa ", os milheirais , as "olevêras "com boas "azêtonas "e promessas de melhor "azête " ;contemplaram nas tapadas  "sobrêras e  "azenhêras "com os seus troncos prenhes de cortiça e os seus frutos , as "boletas ", que não só dão para alimentar os animais ,como para comer , assados como castanhas ; recordaram  o fazer do pão de "boleta " como já o haviam feito os seus antepassados Lusitanos  ; perceberam que podiam criar gado seu ,fosse ele ovelhas , cabras , "corrantchos "*( 3)ou vacadas ; voltaram a fazer o bom "quêjo"de ovelha ou de cabra , juntando ao "lête ", como os seus antanhos , o "cardo"que por todo o lado a natureza lhes oferece ; também lembraram como se fazia  a " mantêga" e o" requêjeum"*; recordaram e voltaram a comer os espargos verdes , os "tartulhos " e as "criadilhas "; viram a boa hortaliça que crescia agora nos seus "tchões "(4), desde a simples couve "trontchuda " ao excelente" tomati"e ao "agrieum" que brota tenro e único de paladar junto dos ribeiros ou dos poços   ; perceberam as ervas aromáticas que a natureza lhes oferecia e que podiam ,  eles mesmos , cultivar  .Afinal , as "tílhias , as "cidrêras ,  o horteleum o poejo , a manjarona , a carquêja , os oregãs " e outros tantas aromas , sempre por lá estiveram ...Eram eles que perfumavam os ares , juntamente com o "rosmano " , a gesta  e a xara "*(5)   dando à Campanha aquele cheiro único que nos diz que estamos em casa . E , até mesmo , sem que os seus antepassados o tivessem sonhado, subitamente , fizeram ...um bom vinho . Agora sim , tinham com que acompanhar os seus óptimos pratos tradicionais . A "jurpiga "*(6) ficava para  acompanhar os bolos , únicos alguns deles , como é o caso do"borratchão ". Sim , os egitanienses de outras eras , muito anteriores à nacionalidade , tinham , finalmente , encontrado o caminho de regresso a casa . A sua "campanha " esperava e espera  por eles , não nas mãos de cavaleiros templários ou senhores ,mas nas  mãos  de quem conhece essa terra como ninguém e  por isso mesmo a  ama...
       Quero crer que o regresso começou , perfumado pelos aromas das "Ervas de ZOÉ" e que , finalmente ,
  AS TERRAS DE IDANHA-A-NOVA começam a provar que SÃO  MÃE e não madrastas !!!...

                                                                                                                                                                    
              Alguns exemplos  de produtos das  Terras de Idanha -a-Nova :

 Queijo de ovelha -Cooperativa de Queijos   
        Tortulho -é uma espécie de cogumelo (Atenção!)*
                                                       Criadilhas ou trufas portuguesas
 
                  Bolos : Borrachões ; bolos de leite e de mel ;esquecidos , biscoitos
Bica de Azeite
Queijo de cabra que pode ser simples , com oregãos  ou alecrim

                                                Azeites do Ladoeiro ,mas também os há                               
                                            em Proença -a- Velha ,  em S. Migel D'Acha , no Oledo, enfim , um pouco por todo este vasto concelho de 17 freguesias

                ATENÇÃO * ---AS DIFERENÇAS ENTRE OS COGUMELOS COMESTÍVEIS E VENENOSOS SÃO  IMPERCEPTÍVEIS .Deixe os entendidos fazer essa escolha ...

    -----   Um pequeno vocabulário :
 1-Marouva ---FRUTA
 2-Malapos e camoesas -- qualidades de maçãs ;Meguerdas --Romãs ;Tanjarinas--Tangerinas ; Marroquinas ---Clementinas ; Tanjas -- Tangeras  ;   Muntas Colidades ---- Muitas qualidades ; Jospiros--  Diospiros ; Abeberas ---figos muito pequenas de cor vermelha escura arroxeada  ,muito doces  ; Pêxegos carecas---nectarinas ; Sanguineas ---laranjar enxertada com romã  ; Verde- doce ---laranja enxertada com lima .
 3-Corrantchos ---porcos
  4 --Tchões --pequenas hortas.
5--Rosmanos , gestas e xaras ---Rosmaninhos , giestas e chagas (flores )
 6--Jorpiga ---Jerupiga
  Nota --quem necessitar de mais algum esclarecimento linguístico , faça o favor de perguntar .Esclarecerei  , prontamente ...

                                           E  JÁ SABEM , ESTÃO NUMA CASA BEIRÃ ; BEM -HAJAM PELA VOSSA VISITA : CONTO CONVOSCO e COM A VOSSA OPINIÃO

36 comentários:

  1. Um texto de excelência, cara amiga. As terras do interior, se alguma vez foram intituladas de madrastas, começam, pouco a pouco, a deixar de sê-lo. Está a dar-se um regresso e a revalorizar-se a agrícola e a pastorícia.
    A terra sempre foi mãe, sempre alimentou os seus filhos e só lamento que nem sempre tenham sido dados os incentivos que , por direito, merecia.
    Bem-hajas, Quina, pelo momento delicioso de leitura que me proporcionaste e pela história de amor a Idanha que deixas subjacente.
    Beijinhos

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  2. Isa , interpretaste correctamente as minhas palavras e o meu sentir . Mais uma vez ,quem tem de agradecer sou eu .De facto aquela terra sempre foi mãe , os que a dominaram é que queriam fazer os seus filhos senti-la como madrasta.
    Bem-hajas e beijinhos
    Quina

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  3. Cara Quina

    As mulheres têm as costas muito largas: diz-se que a terra é madrasta quando, na verdade, os donos dela é que são padrastos - para ela, que lhe não ligam, e para quem lha trabalha, subjugando-os até ao nível do aviltamento. Atenção, que falo de uma realidade que não vivi, porque em Trás-os-Montes predomina o minifúndio familiar, em que cada família se sustenta da pequena propriedade que lhe vem de herança.

    Tocou num ponto que me é particularmente sensível: o da oportunidade perdida que foi a legislação liberal posterior a 1832. Quando penso no Mouzinho da Silveira (que me é tão querido) sinto uma dorzinha no peito: como foi possível que, querendo dividir o latifúndio, não tivesse(m) tomado medidas de modo a impedir que um comprador (ou uma sociedade deles) comprasse mais do que um lote das propriedades das ordens religiosas? Pois é, foi assim que se manteve o latifúndio, já que a terra apenas mudou de mãos. Os burgueses que a compraram queriam, somente, o estatuto que ela lhes dava e gastavam mais tempo nos gabinetes dos ministros a solicitar diligências para a concessão dom título de barão ou de visconde do que a gerir a propriedade de que, agora, eram senhores. Aos conventos e igrejas transformaram-nos em cavalariças que deixaram arruinar, destruindo um património que devia ser de todos.

    Com alguns matizes diferentes, a república viria a fazer o mesmo.

    Desculpe o arrazoado mas, de facto, não consigo ser insensível ao tema. As más políticas estão na origem de grande parte dos nossos males. Elas e a(s) classe(s) dominante(s) que tivemos o triste fado de nos caber(em) em sorte.

    Obrigada pelo momento que me proporcionou. Fez a Quina muito bem em chamar os bois pelos seus nomes.

    Um abraço

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  4. Fátima , durante 9 meses escrevi artigos para o jornal do meu concelho analisando os motivos do despovoamento da minha região.Falei daquilo que foca ,tanto no que e refere a M. da Silveira , como à 1ª República . Todos falavam de reforma agrária mas ninguém teve coragem de enfrentar os verdadeiros problemas :latifúndio (4 a 5 famílias controlando não só o meu concelho mas outros em redor!)e a falta de uma rede viária ou férrea que nos pusesse em contacto com o resto do mundo...Como mostro no mapa a A23 iniciou essa aproximação ,mas falta-nos uma ligação desta com o nosso concelho ; um famigerado IC31 ! , que vários governos foram empurrando com a barriga ,apesar de a própria Espanha ter barafustado . O interesse dos vizinhos vem de pelo meu concelho ser a passagem mais rápida entre Lisboa e Madrid. O concelho fica a meio caminho . Mas nada . Claro que com a A23 passámos de quase 6 horas a 2 ,mas poderia ser ainda um pouco menos e com melhor qualidade para todos, nesse troço de 20 a 60 quilómetros dada a extensão do concelho . Agora ...vai ser esperar , pois falam muito do interior mas esquecem-se que os mais jovens têm exigências diferentes ...Claro que o isolamento permitiu a conservação das nossas tradições. Há sempre um lado positivo em tudo....
    Eu é que lhe agradeço aquilo a que chamou de "arrazoado"...As 2 limpámos a alma. Bem-haja
    Um abraço

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  5. Um post muito interessante, não só pelo que contem de história, mas também pela linguagem tipica do lugar que suponho seja a antiga. Tortulhos eu conheço. Quando era menina sempre que meu avô vinha do norte em época deles, saía pelos campos à sua procura e era um petisco de que muito gostávamos. Infelizmente depois da sua morte nunca mais comemos. Quanto a ser Mãe ou madrasta, será que neste País a esta altura do campeonato há alguma terra que os políticos não tenham tornado madrasta?
    Um abraço e bom fim de semana

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  6. Cara Tina,
    Que texto maravilhoso aqui nos deu para ler!
    Concordo consigo em todas as considerações relativas à posse da terra e em como as más políticas sobre a terra de quem nos tem governado, agora séculos atrás, só têm contribuído para a pobreza de quem nela vive e trabalha, o que também se reflete na pobreza de todo o país. Gostei de saber a história de Idanha, os termos populares dos produtos, enfim, um post muito bem conseguido!
    Já agora aproveito para falar-lhe duma fotografia que me deixou entre o perplexa e o preocupada. Mostra dois cogumelos a que chama tortulhos - e tortulho é um nome popularmente dado a várias espécies comestíveis - mas estes parecem-me amanitas, uma espécie não só perigosa mas mortal mesmo. Aquela volva na base do pé é típica dos amanitas e embora haja variedades de amanitas que são comestíveis, os que eu conheço e são consumidos sobretudo no Alentejo, mas se calhar também na sua região, são alaranjados na cor e chamam-se Amanita Caesarea – dum Imperador romano que parece que era grande apreciador. Estes são brancos e parecem-me o amanita verna ou o amanita virosa que são ambos mortais.
    Se souber alguma coisa sobre este assunto gostava que me esclarecesse porque a Micologia é uma das minhas paixões e estamos agora a chegar à época dos cogumelos… se este calor nos deixasse e fossemos abençoados por umas chuvinhas…
    Um abraço

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  7. Olá Elvira ! Gosto em tê-la por cá , pois é sinal de que estou a conseguir levar a bom termo a finalidade deste blogue. Agradeço as suas palavras e esclareço o porquê dos termos que uso . De facto , hoje nem todos os idanhenses falam assim . No entanto , os mais velhos ainda o fazem .Quando digo os mais velhos , refiro-me a partir dos 50 anos em média . A interioridade e a dificuldade das antigas vias de comunicação ,tiveram ,pelo menos o mérito de nos deixar preservar o nosso "subdialecto da Beira Interior Sul "(como o classificou o Professor Dr Lindley Cintra , entre outros )e ainda as nossas tradições ,algumas das quais já são candidatas a Património da Humanidade , na UNESCO . Claro que as gerações mais novas já estão mais ligadas ao português vernáculo ,no entanto ,mesmo elas , até as que nasceram em Lisboa (como a minha filha ) ainda empregam muitos termos locais .Quanto a mim , enviada para a Faculdade em Lisboa aos 17 anos , sou uma defensora do meu subdialecto e como me diz a filha chego à Idanha -a-Nova e "já estás a falar à idanhense!!"Claro que em Lisboa tenho de falar em vernáculo, mas mesmo aqui ainda saem ,principalmente, expressões em idanhense.Está de tal maneira em nós , ou como dizemos na nossa "massa do sangue",que se me cruzo com alguém ,sem a conhecer e a ouço falar ,digo logo se é da minha terra . Claro que se nos quiser visitar não haverá problema , então os mais novos e mesmo os mais velhos , percebê-la-ão perfeitamente e vice-versa .Também sucede que já temos muita gente que "nã éi lá da terra q'éi de fora ,gostaram e fequeram ,quanto mai non seija p'ra fatchar ,mas acredito que dã valori às nossas cousas ,estimendo-as e ajudendo a guardé-las . " Então percebeu-me ? Creio que sim .Estou a brincar . A sério , luto e , é um dos meus objectivos , a preservação de todo este património linguístico...Assim , nunca me ouvirá dizer "obrigado pois se o digo é de livre vontade ,não à força " mas sempre ----BEM-HAJA . Pois é ,com um imenso BEM-HAJA que me despeço de si à moda da NHATERRA. Muntas vegitas e intéi brevi.Sauidinha...Elbira !!!!
    Quina

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  8. Maria ,é com imenso gosto que a recebo neste meu blogue . Espero que possa continuar a gostar de me ler , pois é sinal de que a minha tarefa de divulgar o meu concelho ,está no bom caminho .De facto ,como digo , a existência do latifúndio, já com características de divisão da propriedade mais próprias do Alentejo , foi uma das causas que levou a migrar o povo das terras de Idanha-a-Nova ... Ficar à espera que um senhor se dignasse oferecer-lhe umas migalhas ,não era solução para povo trabalhador algum !... Quanto aos cogumelos da minha terra , o que lhe sei dizer é que o nosso tortulho ,tal como a criadilha e a túbera são cogumelos de Primavera ---apanham-se entre Fevereiro e início de Maio .Por isso em Abril fazemos uma festividade numa freguesia da zona --Alcafozes , onde também incluimos os espargos verdes. Entretanto os restaurantes e ,temos muitos , servem-nos .O nosso tortulho ,é de seu nome científico "Amanita Ponderosa ",cuja área de produção se estende também ao Alto Alentejo .E é até onde vai a minha sabedoria sobre os tortlhos beirões -sul... A Maria sabe muito mais de Micologia do que eu .Só sei que nas saídas de campo que na época se fazem no concelho , uma das coisas para que os professores que as guiam dizem ,é que as diferenças entre comestíveis e venenosos são, às vezes , imperceptíveis .Mas , também isso a Maria sabe bem , de certeza . Se puder esclarecer mais alguma coisa ,faça favor de me dizer....
    Agradeço a sua visita e esperando vê-la mais vezes por aqui ,despeço-me à moda d minha terra
    Bem -haja , muntas vesitas e sauidinha ,
    Quina

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  9. Obrigada pelas explicações. Sabe de uma coisa? Meus pais e meus avós sempre me chamaram assim. Elbira. Muitas terras preservam ainda a maneira de falar e as tradições. Meu marido que é de Lagos ainda hoje emprega termos usuais na terra dele. Infelizmente a minha terra tem pouco disso. O Barreiro,por causa das fábricas de cortiça, fábricas de C.U.F, e secas do bacalhau, que aqui havia e que davam emprego a meio país, foi povoado por uma mistura de gente, do Alentejo, Algarve, Beiras e Litoral, de modo que ficou uma mistura que quase acabou com a originalidade dos Camarros (Barreirenses antigos)
    A origem deste nome não é muito consensual, pois se uns dizem que teve origem nos pescadores algarvios, que para pescarem entre as marés dormiam ao lado dos seus botes no barro da maré vazia (cama de barro, camarro) outros dizem que se deve aos imensos pescadores de camarão que havia na zona.
    Um abraço e bom fim de semana

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  10. Elbira , eis qual não foi o meu espanto ao ouvi-la que é Barreirense...Dei aulas na Alfredo da Silva por quase 39 anos . Mesmo morando sempre em Lisboa nunca quis mudar de Escola ; adorava aqueles alunos , a sua humanidade , o carinho com que me cercavam no final de cada período e cada ano lectivo...Dei aulas de História , Português e Introdução à política . Assim , fiquei muito feliz agora ao sabê-la de lá , pois essa escola sempre foi para mim a minha 2ª casa e nunca quis conhecer outra mesmo aqui perto da minha casa .
    Beijinhos
    Quina

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  11. Conheço muito bem a escola, embora nunca a tivesse frequentado, pois fiz apenas a 4ª classe. Mas a minha irmã sim, a madrinha fez questão de lhe pagar os estudos e por isso ela foi a única que estudou. Meus pais eram muito pobres.
    Mas se foi professora aqui, nem vale a pena falar-lhe do Barreiro já que deve conhecer muito bem, não só pelo que viu diretamente mas também pelo que os seus alunos contavam.
    Um abraço e bom fim de semana.

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  12. Olá Quina,
    Começo por lhe pedir desculpa por lhe ter trocado o nome, já sabia que se dá a conhecer como Quina, mas ao escrever liguei o piloto automático :) e saiu Tina que é um nome muito mais vulgar.
    Quanto aos cogumelos, não me ocorreu que aquele pudesse ser o Amanita Ponderosa já que a imagem que tenho dele é de um tom pardo, terra, e aqui parece branco, mas a verdade é que nunca o vi "in natura". Sei que o nome popular que lhe dão em certas zonas é silarca, não sei se é esse o nome na sua zona.
    Quando vejo amanitas fico logo de pé atrás, embora colha e consuma muitas espécies de cogumelos, nunca ousaria apanhar nenhum amanita comestível para consumir, porque tenho medo de confusões, vendo aquela volva caraterística que me faz lembrar os que só se consomem uma vez...:)
    Fiquei muito curiosa em relação a essas festas na Primavera em que se podem saborear as afamadas túberas, espécie que também nunca encontrei nem provei.
    Depois há-de indicar-me nomes de restaurantes que as sirvam.
    Por acaso neste Domingo até vou para os seus lados, a Castelo Branco, para ver a exposição de pratos ratinhos no Museu Cargaleiro, mas já percebi que esta não é a época certa para degustar essas delícias.
    Um abraço

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  13. Elvira , de facto conheço bem o Barreiro ,mas foi essa humildade de que fala que me prendeu e me deu vontade de ajudar a crescer esses jovens ,com grande vontade de aprender, que aí encontrei . Eles retribuiram ,fazendo muitas vezes de mim sua confidente e, ainda hoje se me encontram , gritam sempre ,"professora !!!É que alguns eu já não reconheço 8mas lembro os nomes ...) porque se modificaram muito .São eles que me fazem ter saudades da Escola e que eu guardo no meu coração
    Beijinhos
    Quina

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  14. Maria , de facto esta não é a altura certa para os degustar .Prometo que para a próxima Primavera lhe direi quando é o festival e também, o período durante o qual os restaurantes estão a servi-los . Vai gostar da "faiança ratinho".Sabe que ela existe em casa de muitas famílias da minha terra ? Que tenha um bom domingo!
    Um abraço
    Quina

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  15. Olá, Quina!
    Depois de uma prolongada ausência, por motivos vários, entre os quais o maior foi a recusa total do meu computador em continuar ao meu serviço, apresentando o seu inopinado pedido de “reforma” não havendo maneira de o convencer a retardar um pouco tal atitude, fiquei, o que se costuma dizer, “descalço”!
    Posto este intróito, e o problema praticamente resolvido, cá estou de novo a vir “beber” a esta fonte cuja água não (in) Quina e me dá a conhecer muito do que são e foram as minhas raízes que, apesar de prematuramente dela afastado, nunca rejeitei nem rejeito. Ah, e se a minha terra fosse madrasta, os seus filhos não iriam a ela, todos os anos, em romaria, visitá-la, trocando afagos e carinhos.
    Assim, como sempre, fiquei encantado com o que li mas, e para além disto tudo que já é normal, o mundo é pequeno e o “mundo dos blogues” ainda menos, tive a grata e agradável surpresa de ver por aqui a amiga Elvira que conheci doutras “guerras” no blog “Aldeia da minha vida”. Se eu terei contribuido para isso, presunção minha, a satisfação ainda será maior. Todavia, não tenho procuração da Elvira Carvalho e espero que ela não se aborreça com o que aqui vou deixar escrito. Quero dizer-lhe, Quina, que a Elvira não tem só a 4ª classe, como ela frequentemente refere. Tem da Vida o curso completo, com Mestrado e tudo. Para quem não acreditar, basta dar um pulinho até aos seus blogues.
    Termino com um duplo Bem haja, para a Quina e para a Elvira.

    Abraço,

    João Celorico

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  17. Quina, as minhas desculpas mas parece que isto ainda não está "afinado", por isso agradeço que elimine um dos meus comentários.

    Bem haja,
    João Celorico

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  18. Pronto João , já está tudo "composto " Gosto em vê-lo de regresso...As máquinas , de quando em vez , pregam-nos partidas .Mas , ainda bem que já está tudo resolvido .
    Quanto à Elvira ,concordo consigo , a sabedoria dela , tomaram muitos ,ditos doutores , tê-la . Já tinha pensado espreitar os blogues ,mas ainda não tive tempo , pois tenho andado aí ocupada com coisas ligadas ao nosso concelho ....Uns escritos que parece estarem quase a vir ao prelo ...Vamos ver .
    Quanto à nossa terra também acho que se fosse madrasta não passariamos a vida cheios de saudades dela . Ela é mãe !, quem interferiu e nos tirou do seu regaço é que nos fez mal....
    Espero que o "computer !!" o deixe por cá .
    Ab.
    Quina

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  19. Olá Quina
    Após um interrupção de longas lutas com a net, cá estou na esperança de que tudo esteja já na normalidade.
    O seu texto serve para muitas regiões situadas no interior do país. Na minha óptica não é a terra que é madrasta para os seus filhos. Alguns dos seus filhos é que saíram das suas aldeias e nada fizeram para criar melhores condições nos locais onde sabiam, por experiência própria, que era difícil a vida se não se criassem condições para que o desenvolvimento acompanhasse o que se verificou no litoral. E o pior é que muitos deles chegaram mesmo a governantes.
    Beijinhos
    Lourdes

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  20. Olá Lourdes , espero que a tenhamos ,então , definitivamente connosco ,pois fazem -nos falta as sua postagens e as suas palavras . Quanto a mim , tenho de concordar com o que diz ....Muitos beirões ignoraram e ignoram as terras que os viu nascer , parecendo ,mesmo ,alguns , que não querem que se saiba que o são !!!Triste não é verdade ?! Mas , o problema da minha zona , que tenho vindo a estudar , tem mais a ver já com o Alto Alentejo ,ao nível das características geológicas e de distribuição da terra...Será mais correcto dizer , da sua não distribuição ; o famigerado latifúndio que nos acompanha há séculos e séculos .Claro que a problemática do despovoamento do interior tem pontos comuns desde Trás-os -Montes ao Algarve e isso começa em ----tudo a correr para a praia ,pois aí é que se está bem !!!Acredito que a "crise " vai trazer gente de regresso ou mesmo gente que não sendo de cá , se apaixona por estas terras e resolve fixar-se . Isto ,aliás , já está a acontecer .A ver vamos ...
    Beijinhos
    Quina

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  21. Um texto que ilustra bem e documenta factos : eu sempre tive a ideia de que havia "coisas Boas..." por aí.
    Fou um prazer ler-te cara colega (eu dou Português- tu serás de História, não?)

    O meu abraço.
    BShell

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  22. Um blog que me deu um enorme prazer descobrir. E a Idanha aqui tão perto, irmã no enfrentar dos mesmos problemas...

    Bj

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  23. Passei. Como já tinha comentado o post, deixo um abraço e votos de bom fim de semana

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  24. Bem vinda "Blue " , gosto de te ver por cá e espero que continues a visitar esta "casa Beirã " Na realidade ,sou de História e de Português . Aproveitei , no meu tempo , as disciplinas comuns , mais as que tinha que escolher obrigatoriamente , fiz mais um ano de Faculdade e fiquei com o Português .Foi , aliás , pelo grupo de português que comecei a leccionar ...Assim , somos colegas 100%...
    Ainda bem que sempre achaste que aquelas terras eram de "coisas Boas "!!Já conheces ? É bom descobrir o nosso país .
    Um abraço de boas vidas e um BEM-HAJAS
    Quina

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  25. Olá AC , bem vindo (a!!?)Espero continuar a ter-te por cá.
    Bem-hajas pelas tuas palavras
    Bj
    Quina

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  26. Olá Elvira , desejo-lhe também um bom fim de semana
    Beijinhos
    Quina

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  27. Cara, Quina, não vou alongar-me em considerações. Casualmente descobri este seu espaço e fiquei deliciada.
    Que bonita declaração de amor à "nossa" beira!!!!
    Um abraço

    Soly

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  28. Soly:Ainda bem que gostou.Espero contar consigo no futuro.
    Um abraço
    Quina

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  29. Mais uma vez, deliciada.
    Espere pela nova vaga de dificuldades que se aproxima e veremos quem é "madrasta". A terra não será por certo!
    Bjinho
    Eduarda

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  30. Quina

    Pois demos então as alvíssaras à terra.

    Como diz a cantiga (mais ou menos assim):

    Algumas terras se queixam
    De não ter moças formosas
    Vinde à campanha da Idanha
    Onde até as silvas dão rosas.

    Nota: Reparo como em terras tão "cercanas" como são as nossas, algumas palavras têm significado diferente.
    Em Toulões "Xara" é o nome que damos à esteva e aos porcos marrantchos, que chamamos (para virem) por gorritchos.

    Muitas vegitas para si

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  31. Olá Eduarda , é verdade , infelizmente ...Que será de nós ? Estamos completamente à deriva e a meterem a mão nos nossos bolsos .A terra , essa , talvez ainda seja a nossa salvação...pelo menos sempre nos dará algo que comer.
    Beijinhos
    Quina

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  32. E as nossas terras merecem , mesmo , alvíssaras , vezinho Chanesco...Elas até têm essa riqueza linguística que refere . Sendo assim , lá vai a quadra como se diz na minha terra :
    Castelo Branco se queixa ,
    De não ter moças formosas ,
    Ide à vila da Idanha
    Qu' até as silvas dão rosas.

    ----Assim sendo , muntas vesitas
    Quina

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  33. Ola Quina

    Têm um aspecto de lamber os beiços esses produtos regionais!!


    Olhe desculpe não ter dito nada.. Nem aprovado o seu comentário...

    Mas não sei que se passa com a minha conta.. Não abre... Dá sempre erro...

    Já me tinha acontecido... E nos ultimos dias... Mais do mesmo...

    Enfim


    Um bjinho

    Flávio Teixeira

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  34. Mas hoje chegou e ainda bem que lhe abriram o apetite os produtos da minha região..Pode ser que o levem a passar por lá um dia , pois há muito mais
    Bj
    Quina

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    Respostas
    1. Olá,
      Encontrei o seu blog por acaso numa pesquisa.
      Há anos que procuro a receita da bica de azeite que se fazia em Alcafozes. Por acaso não me pode ajudar? Qualquer dica é bem vinda.
      Obrigado.

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    2. Olá Rita , só agora vi a sua questão .A única ajuda que lhe posso dar é que na sua base a bica é feita da massa do pão a que se adiciona azeite.Se conseguir dar-lhe mais pormenores fá-lo-ei .Vou perguntar a pessoas mais conhecedoras deste tema .Vá passando por cá ,

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