sexta-feira, 4 de março de 2011

" Ó Entrudo , ó Entrudo , ó Entrudo Chocalheiro " ..... assim cantava Zeca Afonso ,.....

   Sim ,é do "Intrudo Tchocalhêro "das terras perdidas....mas também  ignoradas por muitos , das tais que são restos da velha Lusitânia mas , que poucos sabem que continuam a existir e a persistir,  que hoje quero falar .
         Quero falar desse:   "Ó Intrudo ,ó Intrudo,
                                        ó IntrudoTchocalhêro
                                        que nã dêxas assintari
                                         as velhas ao soalhêro."
      Quero falar de algo que nada tem a ver com o que entendemos hoje por "Entrudo " ou o chamado Carnaval.
       Quero contar-vos como era esse Intrudo da minha infância , da minha adolescência  , para que não se vá na voragem dos tempos....
    Mais uma vez ,temos de ir muito atrás , reencontrar Lusitanos , Celtas e  Romanos que entre Fevereiro e Maio celebravam o fim do Inverno e o início do Verão . O recolhimento do Inverno estava a chegar ao seu terminus ,para dar lugar ao tempo do renascer . E , se a Candelária começara já a anunciar essa mudança o Intrudo dizia-nos que  estávamos à sua porta . A palavra "Intrudo" ,como se diz nas terras de Idanha , significa" Introito" ou seja "Entrada ". Daí virá , creio , Entrudo . Quanto ao "tchocalhêro " que pode fazer lembrar "chocalho " tem aqui outro  significado ; quer ele dizer "período de brincadeira ou também ,pessoa brincalhona ". Estamos , pois, num período em que se deve brincar , festejar a aproximação do  fim do tempo tristonho e ,simultaneamente , lembrarmo-nos que iremos entrar num outro de recolhimento , de preparação para a ressurreição de toda a natureza  . Esse será a Quaresma , a quarentena ,que nos levará ao  fim das trevas do Inverno . É pois , um rito de passagem do tempo velho para o tempo novo ,é a despedida da noite e o acolher da Primavera , é a chegada da renovação da Mãe Natureza .
 Os romanos ,que lhe chamaram Carnaval , faziam desta época ,um período de subversão da ordem estabelecida . Após a Cristianização,na Idade Média , dizia-se que ,nesse período o mundo ficava às avessas e que o diabo andava à solta que as máscaras representavam as almas dos mortos que apelavam à vida .Diz-se ,por isso ,que a palavra Carnaval significará -a carne nada vale ,"carne levare ".
   Mas regressemos ao Intrudo . Entre o Natal e a Quaresma ,faziam-se na minha terra "Os Jogos" sempre que o tempo o permitia .Eram danças de rua  , rodas de rapazes e raparigas  nas tardes solarengas de domingo ;  nos Largos da vila como o de S:João , o do Espírito Santo ou Jardim , o da Estrada Nova e o do Alto Ferreiro , cantava-se e dançava-se e recordo ainda um desses cantares :
                                       " Siga a roda ,siga a roda
                                        qu'eu tameim lá quero ir,
                                         eu sou rapariga nova ,
                                        quero m'ir adevertir.
                        Refrão :    Sã  tã  benitas ,
                                        sã benitas são,
                                        vêm d'Alcafozis
                                        a venderi carvão.
                                       Ó que lindo rancho,
                                        tem a mocidadi ,
                                        cantai raparigas ,
                                       à vossa vontadi ."
    ( Mais tarde aprendi que o último verso era "viva a liberdade "! ...mas , naqueles tempos tinha de ser diferente  ,pois a palavra "liberdade" era subversiva :)
    No  Intrudo havia a destacar : a 5ª feira das Comadres ,  o domingo magro , a 5ª feira dos compadres , o domingo gordo e a 3º feira de Intrudo . Na 5ª feira das comadres , ( antes do domingo magro ) ,as raparigas solteiras reuniam-se ,num rito preparatório já do tempo novo , e escreviam em papelinhos os nomes dos rapazes . Depois, cada uma tirava um papelinho, ficando a saber o nome do seu compadre. Na 5ªfeira seguinte , "a dos compadres", os rapazes ficavam a saber quem era a "moça " a quem deveriam ofertar no domingo de Páscoa as amêndoas ; ela agradeceria com a oferta de um lenço , uma gravata  ,etc ; tudo dependia das posses de cada uma . Muitas vezes estes "compadrios" acabavam em noivados e casamentos.
 No Domingo Magro iniciava-se a preparação para o jejum quaresmal e , portanto , nesse domingo não se comia carne . Mas ,no Domingo Gordo era o contrário ; era um dos dias e que se comia  ,não só carne mas ,alguns dos "tchouriços " guardados especialmente para ele . Os outros ficavam para comer no sábado de Aleluia .Mas , Domingo Gordo era o dia de todos os excessos alimentares que iriam até 3ªfeira à meia-noite  Ora , este domingo marcava o início dos festejos . As raparigas vestiam os seus trajes de "Arraianas " e com ele se passeavam , dançavam nas rodas e nos bailes ,  acompanhadas pelo toque das concertinas e debaixo dos olhares protectores das mães..Lembro-me ainda de mim , criança , orgulhosa no meu traje de arraina ...      Agora , quero  lembrar as "caquédas "(cacadas) que muito arreliavam as mulheres da Idanha . Consistiam elas em atirar, pelas escadas acima das casas ou na sua entrada  ,vasilhas de barro contendo bugalhos , latas e outros pequenos objectos barulhentos . Claro que a dita vasilha se partia   ,sendo acompanhada duma grande barulheira . A dona da casa ,face ao ruído , corria para ver quem eram os malvados que lhe haviam"sujédo o seu almiére "... Mas ,eles ,normalmente já se haviam escapulido ,restando à dona da casa soltar algumas imprecações e limpar a entrada.. .Devo ainda acrescentar que a vasilha de barro , era normalmente roubada a outro vizinho ,sendo muitas vezes um vaso que ainda continha restos de terra .As partidas eram ,regra geral , levadas acabo pelos rapazes e as piores "caquédas " destinavam-se a pessoas  de quem não se gostava muito . Na 3ª feira bailava-se nas ruas, as mulheres mais velhas cantavam  ,atiravam-se serpentinas , pregava-se sustos às pessoas mas ,  antes da meia -noite, tudo tinha de parar . Havia que limpar os sinais dos folguedos ,pois tal já não seria possível , após as 12 badaladas do sino da torre da Igreja . Tal seria pecado ,porque havíamos entrado na Quaresma . Agora ,havia que pensar em ir à missa das cinzas ,recebê-las sobre a testa em forma de cruz e ouvir dizer : "lembra-te ó homem que és pó e em pó te hás-de tornar "...As festas só voltarão quarenta dias depois  ,com a Aleluia que aqui lhes digo ,é diferente da de todo o país... O mesmo se passa com a nossa Quaresma . Pelo concelho fora há  cerimónias únicas ,ao longo do tempo quaresmal , actos espontâneos que ficaram connosco ao longo dos séculos ,que passaram de geração em geração e que são feitos de todo esse saber , não havendo qualquer tipo de encenação .Por isso mesmo , pela sua riqueza histórico-religiosa , eles estão já neste momento na Unesco e em vias de serem reconhecidos como património imaterial da humanidade.
      Assim é a minha terra  ,essa de que me permito afirmar como Nuno Villamariz Oliveira : "Lugar onde se respira o ritmo  incessante das paisagens, ora secas , ora verdes de luz , como se aqui batesse O CORAÇÃO DE TODA A BEIRA BAIXA...."ou como muitas vezes Paulo Loução lhe chama :
    "terra de Mistérios"...    

P.S.- O trajo de "Arraiana " é colorido ; saiote de lã de cor viva ,plissado ,com listas pretas   em baixo , formando uma barra ; na cintura a sacola de lentejoulas e bordados ,é usada do lado esquerdo e o avental preto bordado ; a blusa branca com rendas e bordados ; o xaile , normalmente de cor preta , é estampado ou bordado a fio de seda , com ramagens coloridas ;  pode , no entanto, ter outra cor de acordo com a saia , cruza-se sobre o peito e , passando por baixo dos braços , ata-se atrás na cintura ; os sapatos são pretos ,as meias brancas e rendadas . Contrariamente ao que sucede noutras terras do concelho ,em Idanha -a-Nova não se usa , regra geral , lenço na cabeça  e a blusa tem de ser sempre branca .  

                                   
                BEM-HAJAM todos pela vossa visita ..                                                            
       

18 comentários:

  1. Mais um excelente testemunho sobre os usos, costumes e tradições das terras da Beira Baixa mais concretamente de Idanha. Confesso que li com muito interesse a sua descrição pois por terras algarvias o Carnaval vive-se de forma muito diferente. Há os corsos carnavalescos constituídos por um conjunto de carros alegóricos que, depois do 25 de Abril e um pouco por toda a parte, satirizam sobretudo aspectos da actualidade política.Depois, nos clubes, à noite, há os bailes de máscaras e até alguns concursos com os mascarados que trajam com rigor.No interior, nomeadamente na zona serrana, ainda se pode ver alguns mascarados ao longo das estradas que circundam sítios e lugarejos e nos mais populosos, nas sociedades recreativas, ainda há os bailes de máscaras feitas com "aquilo que se tem à mão".Não deixam, contudo, de ser uma das grandes diversões do respectivo sítio.
    Voltando a Idanha, não posso deixar de dizer-lhe que há uma salutar preocupação na manutenção dos costumes que caracterizam as suas gentes e que deliciam quem a lê.
    Digo-lhe que é uma terra a visitar logo que tal me seja possível.

    Bem-haja, Quina, pelo excelente trabalho que se propôs fazer.

    Um beijinho

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  2. Olá, Quina!
    Mais uma vez aqui venho apenas para deixar algumas “migalhas”. Dos Carnavais da minha terra apenas recordo o que os meus pais iam contando. Ao que parece, o Carnaval, tinha várias vertentes, uma que consistia em atormentar as moças, que não eram senhoras de pôr pé na rua sem se arriscarem a ficar todas enfarinhadas ou enfarruscadas. Algumas laranjas ou ovos também faziam parte do tormento. Os rapazes espreitavam às esquinas das ruas e era um ver se te avias. Outra, era uma espécie de Carnaval trapalhão em que as mulheres se vestiam de homem e os homens de mulher, arcando com os problemas inerentes à falta do hábito de usarem saias e não poucas vezes a constipação, por resfriado a partes normalmente cobertas, acontecia. Ainda outra, era o “adevertimento”. A vida era dura mas, apesar disso, o bailarico em casa de alguém, acompanhado à concertina, era a noite inteira. E, enquanto em cima, no sobrado corriam os jovens pares na dança, no piso inferior dormiam, ou passavam a noite em claro, os avós que com infinda paciência tudo suportavam e relembravam os seus tempos de mocidade!

    Uma expressão curiosa da minha terra é que quando uma pessoa se apresenta vestida de qualquer maneira, quase parecendo trajando “à Carnaval”, costumam dizer que parece o “Entrudo das baraças”. Não sei se isto terá algum significado!

    Abraço,
    João Celorico

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  3. Olá, Quina!
    Um pormenor de que me esqueci no meu comentário anterior:
    Os bailes eram vários. As moças, tinham grupos, "partidos", e cada "partido" organizava os seus bailes, em casa deste ou daquele.
    Na própria noite em que nasci, tinha decorrido um baile, restos do Carnaval, que tinha sido a 25 de Fevereiro. Esse baile talvez fosse o chamado "Baile da pinhata". Daqui talvez um pouco da minha aversão ao Carnaval, lol...

    Abraço,
    João Celorico

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  4. Olá Cata-vento ,agradeço não só a sua vista mas também as suas palavras . Ainda bem que lhe suscitei o interesse pelas minhas terras . Elas aguardam a sua visita e verá como sabemos receber!
    Beijo
    Quina

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  5. Olá João , claro que aquilo a que chama as suas "migalhas " são sempre bem- vindas .Na Idanha também havia uma ou outra pessoa que gostava de fazer essas trocas de vestuário ,mas era mais por brincadeira em família . Aliás , acho que uma das riquezas das tradições do nosso concelho ,está também nas diferenças que existem de terra para terra . Creio que isso se deve à grande extensão territorial do concelho e ainda por só a partir de 1834 - 1836 , com as reformas de Mouzinho da Silveira e de Passos Manuel , terem as suas terras sido unificadas num só concelho. Creio ter sido o caso de Salvaterra . Tantos séculos de autonomia concelhia levaram à criação de tradições algo diferentes e que agora reunidas são duma enorme riqueza . É o que sucede com as cerimónias da Quaresma .
    Bem -haja por contribuir para este reunir de tradições
    «vesitas »
    Quina

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  6. Quina
    Ao contrário do que aqui venho fazer, cá pela minha parte, não acrescento nada ao seu saber.Nem uma migalhita.
    É época que não me diz nada,só arrelia.Não consigo ter sentido de humor com o folguedo que se pratica por aqui na minha cidade.
    Lembro-me quando as minhas filhas eram pequenas, e me perguntavam:
    - Oh mãe, este ano como é que vou mascarar-me? A festa da escola está quase a chegar!
    Ora bolas, e eu sem ideias, e especialmente sem paciência, mas tinha que ser, as criaturas eram felizes mascaradas.
    A mais nova, coitada, chegou a mascarar-se de rebuçado,só consegui arranjar cá em casa um rolo de papel solofan, mas até ficou engraçada. Ainda hoje se ri quando vê as fotos.
    Participava em tudo o que era festa escolar, escuteiros, etc., mas Carnaval, para mim, era mesmo drama.
    Hoje as minhas netas, já me levam de outra forma, sou até capaz de passear com elas mascaradas, mas o trabalhinho da diversão, ah...esse, já é da mãezinha.
    Ai...ai, esta cidade que desvirtua a origem das festas, não me consegue convencer. Por isso dia de Carnaval, aproveito e fujo de tudo onde haja corsos ou coisas parecidas.
    Um beijo

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  7. Boa discrição do entrudo, conseguiu-me por a imaginar as coisas que descreveu e revoltar no tempo.
    Um abraço

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  8. Olá Eduarda , de facto ,nesse campo as nossas vivências são muito diferentes .Mesmo quando a minha filha era criança ,nem sempre passava o Entrudo em Lisboa . Claro , havia antes das férias , dela e minhas , um dia dos tais festejos e lá tinha que inventar algo . Uma vez , talvez influenciada pela minha terra , vestia de saloia alfacinha (afinal ,ela nasceu em Lisboa ,mas está muito ligada à Beira ,felizmente )... Também não gosto destas loucuras que se tornaram moda por esse Portugal fora e , se não vou para a Beira ,nem saio de casa ...
    Um beijo

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  9. Liber , bem -haja pela sua visita e pelas suas palavras . Espero que tenha gostado e que volte mais vezes.
    «Vesitas beirãs »

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  10. Cara Quina, claro que as raízes são comuns e grande parte dos rituais de Entrudo são muito semelhantes aqui ao lado em Proença-a-Velha, com os "jogos", as "comadres" e os "comprades" e as "caquédas", embora neste caso fosse costume andarmos munidos também de um grande "tchocalho", para "tchocalar" ou "capar" as velhas... batíamos à porta e chamávamos a dona da casa pelo nome, quando ela perguntava quem era, um tocava o "tchocalho" com toda a força e os outros despejavam os cacos, as latas e as bugalhas para dentro de casa, desatando depois todos a fugir a sete pés.
    Havia ainda uma outra peculiaridade no Entrudo de Proença que se manteve até ao início da década de 70 do século passado; no dia de Entrudo as raparigas solteiras só podiam ser vistas depois do por-do-sol, antes dessa hora se aparecessem na rua, ou mesmo se assomassem à janela eram "incorridas" pelos rapazes que percorriam as ruas em grupos munidos de sacadas de laranjas para lhes atirarem.
    Depois do sol posto tudo voltava à normalidade e as raparigas podiam livremente circular e divertirem-se nos inúmeros bailes que se organizavam, mas antes dessa hora era totalmente proibido serem vistas na rua ou à janela...

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  11. Quina

    Cada terra com seu uso... e a Quina sabe muito bem contar os da sua, na sua variedade, alegria e História.

    Este ano, mascarada à força (um olho tapado porque o feri - mas já está quase curado), não tive alento para escrever nada (mas devo dizer-lhe que a minha consideração por Camões aumentou muito).

    Como não podia deixar de ser, encontrei algumas semelhanças com o que conheço da minha infância. Se tiver tempo e curiosidade, pode visitar os seguintes artigos:

    http://rebordainhos.blogspot.com/2010/02/entrudo.html

    http://rebordainhos.blogspot.com/2010/03/serra-das-velhas.html

    http://rebordainhos.blogspot.com/2009/02/entrudo.html

    Um abraço

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  12. Olá , Adolfo , de facto , Proença é tão pertelinho da Idanha que apesar de ter sido concelho até ao séc. XIX , tendo sob a sua alçada Santa Margarida e S. Miguel ,creio , as diferenças não são muitas . Lembro-me da expressão "ser incorrido" mas não do facto que conta .Mas ,ainda bem que o fez, pois só enriquece aquilo que narrei .
    "Vesitas "

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  13. Fátima , espero que continue a melhorar .Apesar de tudo ainda mantém o humor... Gostei dessa comparação com Camões e o seu sentir...
    Irei ver os seus blogues . Continuação das suas melhoras ...

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  14. Olá Idanhense sonhadora
    Eu também sou do concelho de Idanha, mais propriamente da Zebreira e tento acompanhar as actividades que se desenvolvem por aí.
    A forma como descreve o Intrudo é em tudo semelhante ao que se passa em muitas das freguesias. Assim na Zebreira se faziam as contradanças, grupos de rapazes e raparigas,que no domingo gordo e na terça-feira da carnaval percorriam as ruas e as praças, devidamente trajados e trajadas com as "arraianas", com canções e coreografias preparadas pelos próprios(as). Também se faziam as 5ªs feiras de comadres e compadres e se davam as amêndoas na Páscoa. Poucas eram as casas que ficavam imunes às cacadas (caquédas) e as raparigas que não eram enfarruscadas. Embora a quaresma fosse um período de recolhimento ainda havia os bailes da pinha e da pinhata.
    Na Zebreira havia de facto na época da minha infância/adolescência alguns aspectos que não conheci noutras freguesias. Organizávamos uma espécie de tribunal popular (o balcão da cadeia) onde eram julgados acontecimentos cómicos, inusitados ou ridículos que aconteciam às pessoas durante o ano. Normalmente o "juiz" ditava uma sentença cómica ao autor(a) da proeza que evidentemente pretendia apenas ser uma censura cómica. Estes julgamentos acabavam normalmente numa batalha de pacotes de cinza e/ou de farinha entre os julgadores e os julgados.
    Havia também durante uma brincadeira a que chamávamos a "Vaca Romeira", que como o nome indica era uma pessoas mascarada com uma pele de vaca e uns cornos e percorria as ruas "atacando" as pessoas. Era, de facto, divertido o Entrudo nas nossas terras e naquelas épocas. Hoje apenas permanece uma certa nostalgia do tempo que passou,...

    Um abraço

    Paco

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  15. Ora seja bem-vindo ,Paco . Ainda bem que veio até ao meu blogue e espero que continue a visitá-lo . Agradeço o enriquecimento que trouxe com essas 2 tradições da Zebreira que não existiram em Idanha -a-Nova ,pelo menos que eu me recorde .
    Comecei por querer divulgar as tradições da minha terra ,mas , felizmente, tenho tido a sorte de virem até ao meu blogue representantes de outras freguesias e terras . Assim , agora começo a sonhar com ter um blogue que reúna e divulgue o nosso concelho . Por isso tenho muito gosto em tê-lo por cá .Temos a seguir uma época bem rica : a Quaresma ...
    Se quiser dizer algo mais sobre os "balhos " faça favor.
    Sendo assim
    "vesitas arraianas "

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  16. Olá Quina
    A minha aldeia é muito pequena e as tradições carnavalescas são muito pobres. Normalmente os rapazes usavam vestuário feminino e divertiam-se pregando partidas às raparigas e assustando-as. Também tinham o costume de abrir as portas (que tinham sempre a chave na fechadura) e atiravam pedras para dentro das casas.
    Para além disto, havia também os bailaricos e pouco mais.
    Beijinhos
    Lourdes

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  17. Mai um relato bem alucidativo da "nossa" riqueza!
    Quina continue com este EXCELENTE trabalho de divulgação da nossa Idanha.

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  18. Bem-haja Quim ,espero não desiludir os nossos conterrâneos ,mas antes levar aos que estão longe e aos que não nos conhecem ,um cheirinho desta terra de que tanto gosto .

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