ARA de IGAEDO (A ?) |
No entanto , foi a Senhora do Almortão ou ainda Almurtão que se tornou mais conhecida . O seu cancioneiro logo nos diz que , a sua nomeada , chegou a Lisboa , a Coimbra , ao Alentejo ... Até Zeca Afonso a cantou....e muitos outros se lhe seguiram .
A ermida situa-se em plena campina ou "campanha " de Idanha-a-Nova , numa ligeira elevação , dominando todo o espaço envolvente . A vasta e fértil campanha verdejante , irrigada pela barragem , logo dali pertelinho , que nos aparece salpicada de sobreiros e oliveiras , azinheiras ,carvalhos e até olaias , é um repouso para o coração e o espírito . Junto da ermida , como o povo diz , "corre lá sempre um arzinho " mesmo em dias de muito calor . Os idanhenses que habitam outras regiões , não vão há" terra" sem a irem visitar . Para eles, crentes ou não crentes , era como se deixassem de ir a casa de um familiar muito querido. Por isso é vê-los por lá na sua visita ,ou ouvi-los dizer : "Agora tenho de ir ver a Senhora do Almotão !"Alguém "de fora " pensaria tratar-se de uma senhora sua conhecida de longa data .. E de facto é .Todo o idanhense se habituou desde criança a tê-La no seu rol de familiares . A casa dela espera por eles e , por isso , cada um à sua maneira entra no seu "almiére " (entrada da casa ,no subdialecto da região sul interior da Beira Baixa ) e conversa com ela .
Na realidade ,este convívio vem "do mais profundo dos tempos "... Desde os tempos Pré -Históricos que o homem por aqui anda e aqui , neste local de Água Murta , prestou culto à" DEUSA-MÃE " . Depois vieram vários povos . O destaque vai neste território para a que terá sido a mais poderosa tribo lusitana ,___ a julgar pelo 1º lugar que ocupa na inscrição romana dos povos que contribuíram para a construção da ponte de Alcântara__ a dos IGAEDITANOS . Tal ponte ,como sabemos , foi levantada sobre o rio Tejo ,ligando ainda hoje Portugal e Espanha ; é considerada a maior no seu género em todo o Império Romano e foi já proposta à UNESCO para património da humanidade . Ora , esses Igaeditanos que aí surgem , prestavam culto a deuses , como Igaedus (ou seria Igaeda ?) .Por detrás da ermida ,perto da fonte de águas medicinais , foi encontrada uma ara a Igaedus que tive o enorme gosto de ver e tocar e que ,actualmente não se sabe onde pára....Dela fiz algumas reproduções ... No entanto , os Lusitanos nunca esquecerem a "Mãe".Uma certa influência Celta , ter-se-à feito ainda sentir por aqui ,apesar de esta ter sido mais presente em território que já não era pertença dos Igaeditanos . Fenícios , Egípcios , Judeus , Gregos e Romanos também calcorrearam por este território . Quase todos eles continuavam a venerar a Deusa Mãe quer ela se chamasse Arentia , Ataegina , Mitra , Cibele , Isis ou Vénus... . A História vai-nos mostrando como as minas de ouro e estanho , atraíram a esta região , mesmo povos que eram basicamente mercadores , como os 3 primeiros que citei . Vinham eles pelo porto de Cádis e pelo rio Guadiana atingindo as terras da Egitânia um pouco mais a norte . Diz-nos também a mesma ciência , que esta foi a única região da Beira Interior onde Egípcios com os seus cultos , se fixaram . E , se os judeus não veneravam a Deusa , tal não significa que como todos os outros , aqui não tenham deixado as suas influências e os seus vestígios ...Que dizer de facto do nome da Senhora se escrever de 3 maneiras diferentes ? Almotão , Almortão e Almurtão !!! Será mesmo uma palavra de origem árabe ? Não estou de acordo e acho que é tempo de ultrapassarmos a teoria que todas as palavras começadas por Al são , forçosamente árabes !!! E o Adufe que é o instrumento fundamental nas festas em sua honra ? Terá mesmo sido introduzido pelos mouros ? Creio que não , que já por aqui soava há séculos , pois há séculos já ele surgira na Suméria . Quantos mistérios por desvendar ... Com eles continuamos hoje a lidar e , entretanto , nem sequer nos lembramos que , todos estes antepassados dos idanhenses , também já fizeram a este lugar as "vesitas " que ainda hoje eles fazem . É pois este , como gosto de afirmar "um lugar sagrado vindo do mais profundo dos tempos "!!!
Se para mim a continuidade religiosa no local , é uma verdade histórica , também considero que a sua cristianização data de Suevos e Visigodos . Contudo , cristianização do lugar de Água Murta está envolta numa lenda , como sucede quase em todos os contextos semelhantes a este . Conta-se que um pastor ou uns ganhões (a estória diverge ...)um dia por ali passavam , quando viram , no meio de uma" murtêra" , algo que muito brilhava . Aproximaram-se e viram uma imagem de Nossa Senhora . Guardaram-na no" sarrão" (espécie de saco feito de pele de cabra que servia para levar a "marenda " para o trabalho ) . Levaram -na , 2º uma das versões para Monsanto , e de acordo com a outra , para Alcafozes (actualmente aldeias do concelho de Idanha-a-Nova ) . No dia seguinte , quando iam para levar a imagem para a Igreja local , não a encontraram . Foram descobri-la na mesma "murtêra" onde a viram pela 1ª vez . Juntamente com os outros populares , decidiram erguer aí aquilo a que os idanhenses chamam de "casinha caliada " .
E os idanhenses cantam ao som do adufe :
Senhora do Almurteum,
Onde" tendeis" a morada ,
ao cimo da "barronchêra " ,
numa casa caliada .
O 1º documento escrito que nos refere a Senhora , data de 1229 , do reinado de D. Sancho II É um foral dado a Idanha -a-Velha (a Egitânia ) que numa delimitação de termos diz "...Sanctam Mariam Almorton ". Tanto basta para , sem qualquer dúvida , colocar a sua romaria entre uma das mais antigas de Portugal . Mas , nem sempre esta se realizou 15 dias após a Páscoa , tendo sido 1º em Março e depois em Setembro . Só em 1922 passou , definitivamente , para a data actual . Com a Senhora celebra-.se também Santa Bárbara e S. Romão . Se S. Romão tem a festa no domingo , esta já começou sábado com o arraial . Todavia , Santa Bárbara venera-se na 3ª feira , dia destinado às pessoas que estando de luto não devem ir em nenhum dos 3 dias de festa....Esta Santa é ainda a protectora das pessoas contra os "raios das travoédas ". Por tudo isso o povo canta,mais uma vez ao som do adufe :
Senhöra do "Almurteum" ,
quem "tendeis " por companhia ,
Santa "Barbra e Sam Romeum ",
"capiteum da möraria ".
Senhöra do" Almurteum "
este ano " nã pormeto ",
que me morreu o marido ,
"nã" posso lá ir de preto .
Mas se canta ,também reza :
"Santa Barbra bindita ,
que no céu está escrita ,
com pinguinhas d'auga benta ,
livra-nos Senhori desta tromenta ."
Manda a tradição que para além da festa religiosa , composta por missa campal e procissão , haja manifestações profanas . Essas passam pelo arraial com o" fogo preso " ; pelos vários ranchos de pessoas que , ao som do adufe , cantam à vez , no "almiére " da Senhöra " ; pelas merendas que se devem comer nos campos da "Senhöra" , incluindo , obrigatoriamente , ovos verdes , caso contrário não estarão correctas por muitas coisas saborosas que integrem. É , igualmente tradição , a compra de amêndoas , de relógios de açúcar e de bolinhas de "sarradura " envoltas em pratas coloridas e com elástico ,... para brincar ...
Contudo , há ainda outros costumes que ao longo dos tempos se têm perpetuados . Entre eles está o ir buscar a Senhora para a vila se se estiver a viver um período de seca ou de muita chuva . A Senhora aparece como intermediária , junto do Alto , na resolução desses problemas .Diz a voz do povo que sempre que tal se fez , antes da Senhora entrar em Idanha-a-Nova , aí pelo lugar chamado de Senhora da Graça , a alteração do tempo pedida se realizou . Esclareço que a Imagem , pertencente ao tipo das chamadas imagens de roca , é trazida em ombros e acompanhada pelo povo em procissão , a pé , até ao seu destino . Este , começou por ser nos tempos mais antigos , a capela do solar do Conde de Idanha-a-Nova ,dedicada a S. Joaquim , o solar é em "Estilo Chão nacional " datado do início do séc. XVIII . Mais tarde a Senhora passou a ficar na Igreja Matriz , para que o povo a possa "visiteri". Ainda hoje os idanhenses que estão , constantemente , a socorrer-se da Senhora ,costumam prometer idas a pé , pela campanha fora , até à "casa caliada " . Tal hábito entrou também , nos tempos actuais , nas praxes dos calouros da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova que também Lhe doam as suas fitas , quando terminam os seus cursos .Aliás , a "benção das fitas" é realizada no santuário .
Dentro das tradições refiro , por último , a brincadeira de se dizer que dentro do cruzeiro , que antecede a entrada no terreiro , está uma velha a peneirar . Instintivamente , encosta-se a cabeça para "escuitari" !!!É então que , "ao deleve!!!" , se apanha uma cabeçada no dito cruzeiro . Era , ou ainda é o chamado "batismo " para quem aí vai pela 1ª vez .
Por fim , deixo mais um pormenor : A bandeira do Espírito Santo e a sua coroa com a pomba têm de estar sempre presentes nas festas da Senhora . Tentei saber o porquê junto dos mais velhos e mais uma vez recebi a resposta : "Já o cá encontrêmos dos nossos intigos " Está tudo dito ....da "fondura" dos tempos chegaram até nós . Anseio e desejo que os mais novos tudo isto preservem .... Que pela campanha de Idanha-a-Nova se continue a ouvir ao som do adufe : "Senhöra do Almurteum
Já cá vamos à barrêra ,
apanhari as fitas verdes,
que cairam da Bandêra ".
"Senhöra do Almurteum .
dai volta ao arraial ,
romaria como a vossa ,
não a há em Portugal "
Refrão : Olha a laranjinha
que caiu ,caiu ,
num rigato de auga
nunca mais se viu.
Nunca mais se viu ,
nem se torna a veri,
cravos há janela ,
rosas a nasceri ."
Eu ,como não estive presente ,digo à Senhora :
Senhora do Almotão,
que lindo é o Teu manto ,
cor da rosa que Tu és ,
"Arraiana ", nosso encanto ."
Nota - As imagens mais pequenas são de Santa Bárbara ,levada por mulheres vestidas de arrainas e a de S. Romão levada por rapazes. Os " Membros da Confraria da Srª do Almortão" ,levam o andor da Senhora ; uma de cada lado do andor ,estão as 2" mordomas" que estão incumbidas de vestir a Senhora.
Quanto à música tocada na "Arruéda" pela Filarmónica Idanhense .fundada em 1888 ,é o "Hino da Srª do Almortão". É tocado desde sábado de Aleluia . Aqui os idanhenses manifestam a sua alegria , acompanhando a filarmónica , em voltas que circundam a ermida , pelo menos em número de 3 . A Filarmónica conta com cerca de 60 membros que no dia 30 de Abril deste ano acompanharam ,entre outros , Janita Salomé num concerto de homenagem a Zeca Afonso .
( PS. Ainda no que diz respeito às várias romarias , acrescento que na 2º feira de Páscoa também há outra à Srª da Consolação )
BEM -HAJAM PELA VOSSA VISITA ; voltem sempre
A devoção do povo é extraordinária e a Quina deixou-o bastamente demonstrado, assim como aos folguedos que acompanham a fé, pois o Homem também vive de se divertir.
ResponderExcluirA Senhora do Almortão sempre me teve cativa pela beleza de tudo quanto se faz para Lhe pestar homenagem.
Um abraço
Um abraço
Para este "peditório" o que é que eu posso dizer mais? Diria que está cá tudo, não fora o caso da Senhora da Consolação (deixa-me puxar a brasa à minha sardinha) estar referida como se fosse 10 a 12 dias depois da Páscoa. Isso é em Monfortinho, porque na minha terra, devido à evolução dos tempos, é logo na segunda feira a seguir à Páscoa (antigamente era na 2ª segunda feira). Posto isto, resta-me acrescentar que a seguir a Nossa Senhora da Consolação, era a Senhora do Almurtão a santa da devoção da minha mãe e se alguma vez tinha saído da terra foi para essa romaria. Depois de sairmos da minha terra, das poucas vezes que lá voltámos, pelo menos por três vezes visitámos a Senhora do Almurtão.
ResponderExcluirE, é tudo!
Abraço,
João
(PS: Grande problema deve ter havido aí com um "post" do dia 3 de Maio. Por mais que tentasse, não conseguia aceder ao blogue. Só clicando no "cache")
Olá Fátima está certa nas palavras que diz . Quanto à Senhora do Almotão a ter cativa , porque não aproveitar umns dias de férias pela s terras de Idanha-a-Nova e ir visitá-la ? Ela tem a porta aberta todos os dias ...
ResponderExcluirUm abraço
Quina
João , peço-lhe imensa desculpa pela falta que cometi... De facto a Srª da Consolação é domingo de Páscoa em Salvaterra e só 1 semana depois em Monfortinho . Já não coloquei os nomes das terras para não cometer nenhum erro ,mas logo acabei por fazê-lo com a Senhora da sua terra . Não foi para o arreliar ....juro !!! A verdade está reposta . Bem -haja ...
ResponderExcluir"Muntas Vesitas "
Quina
Afinal, Quina, parece-me ter ainda alguns trocos para este “peditório”. Nas Memórias Paroquiais de Idanha-a-Nova, em 1758, e a propósito das romagens a Nossa Senhora do Almurtão (eu, digo assim), podemos ler:
ResponderExcluir“Acodem romagens certas à Senhora do Almurtão, desta Vila, três: a 8 de Setembro, a 25 de Março e Dia dos Prazeres”.
Ora no dia 8 de Setembro, celebrava-se e celebra-se a festa da Natividade de Nossa Senhora; no dia 25 de Março, celebrava-se a solenidade da Anunciação de Nossa Senhora, ou Anunciação do Senhor. Falta o Dia dos Prazeres, que é o dia de Nossa Senhora dos Prazeres e que não tem data determinada mas que é numa segunda-feira e 8 dias depois da Páscoa, segunda-feira de Pascoela, que era também o dia da primeira feira, em Idanha-a-Nova e dia de romagem à Senhora do Almurtão.
Este resumo é baseado no livro dum natural de Salvaterra, o Pe. Bonifácio Bernardo, “A Festa de Nossa Senhora da Consolação”.
As minhas desculpas mas, aproveito para corrigir, de novo, o que à Senhora da Consolação diz respeito. Sem entrar em muitos pormenores, posso dizer que a festa de Nossa Senhora da Consolação, era também no dia de Nossa Senhora dos Prazeres, segunda-feira de Pascoela e era em Monfortinho. Em 1905, quando Salvaterra quis que a festa fosse em Salvaterra, o problema originou que se criassem duas festas, a de Salvaterra no dia correcto, segunda-feira de Pascoela e a de Monfortinho, três dias depois, ou seja, na quinta-feira seguinte. Hoje, em dia, para aproveitar as férias da Páscoa, Salvaterra faz a festa logo na segunda-feira a seguir ao Domingo de Páscoa (não no Domingo de Páscoa) e Monfortinho lá continua a fazê-la na quinta-feira da semana seguinte.
Espero, com isto, ter esclarecido mais alguma coisa.
Abraço,
João Celorico
João ,já corrigi em definitivo o dia da festa da Srª da Consolação; espero não ter cometido mais nenhum novo erro . De facto estou muito distraída !!!, deve ser da conjuntura ,pois consultei a agenda do nosso concelho "O Adufe " que me dá a indicação certa . Quanto à Srª do Almotão eu sabia das datas anteriores e que até chegou a haver 3 festas . Não quis foi alongar mais o tema e o texto do blogue . Também ,e aí peço desde já perdão , apenas digo que muito ainda há para dizer mas , guardei tudo para que o livro que já escrevi e a Câmara se mostrou interessada em publicar , venha à "luz do dia "!!!!traga novidades.
ResponderExcluirFico grata pelas suas ajudas e correcções
Bem-haja
"Com as minhas vesitas "
Quina
A DEUSA-MÃE, quaisquer que tenham sido, ou sejam nos nossos dias, os nomes por que foi e é conhecida, continua a juntar as gentes deste canto da antiga Lusitânia em redor das muitas ermidas espalhadas pelos seus campos.
ResponderExcluirÉ uma cultura de milénios que continua viva em terras da Beira Baixa.
Senhora do Almortão
Virai para cá o rosto
Há muito que vos não vejo
Quero-vos ver a meu gosto
Bem-haja vezinha por este seu post.
João Adolfo
Vezinho João Adolfo , creio mesmo que a Deusa -Mãe está de tal maneira ligada a nós que ,seja qual for os nomes que tenha e os rostos que mostre , é já uma das partes intrínsecas de cada um de nós.
ResponderExcluirBem-haja pelas suas palavras
Muntas vesitas
Quina
Quina
ResponderExcluirGosto da possibilidade que os nossos antepassados nos deram; - valorizar!
Aqui não há um fim, mas um início de um conceito que esta subjacente e que nos providência história, vida, corpo, estrutura, e qui ça alma.
Beijos
Quina
ResponderExcluirvim agradecer sua visita ao Prosa e conhecer seu espaço. Um lugar de se aprender sobre costumes e povos desse seu lindo Portugal. Vou sempre voltar, porque daqui gostei bastante.
Obrigada e uma boa noite para você.
Eduarda , só tenho para lhe dizer ,um grande grande BEM-HAJA
ResponderExcluirBeijinhos
QUINA
Dulce ,ainda bem que gostou do meu espaço e que pensa continuar comigo. Sabe , gosto muito do Brasil e já aí estive várias vezes . Estou-lhe muito grata pelas suas palavras e feliz com a sua presença
ResponderExcluirBem-haja (um obrigado!!! mais forte ,como se diz na minha região )
Quina
Adorei as descricoes e a historia, que tao bem nos apresenta, tambem gosto de ve-la apresentar os ditos populares com a pronuncia da sua regiao.
ResponderExcluirChamou-se tambem a atencao a festa de Santa Marinha que se realiza na segunda-feira da Pascoa.
No meu municipio celebra-se a Santa Eufemia nesse mesmo dia. Como sabera estas duas santas virgens eram irmas e naturais de Braga, foram martirizadas durante os tempos do imperio romano!
Um abraco dalgodrense.
Bem-haja pelas suas palavras ; elas são mais um contributo para eu continuar na via que me propus . Assim por causa das 2 Santas e irmãs , martirizadas em Braga e veneradas no seu e no meu concelho , fui dar uma vista de olhos nuns livrinhos antigos daqueles que encontramos em alfarrabistas ,afim de confirmar a minha tese .Creio ,pois que a sua terra pertenceu ainda à Diocese da Egitânia que era exactamente a maior dentro do território da antiga Lusitânia. Além disso a via romana que vinha de Mérida ,pela ponte de Alcântara que tinha a civitas Egitaniense como ponto fundamental ,seguia para norte passando perto da sua terra ; esta via ,em Valhelhas dividia-se em 2 --uma passava em "Algodres" indo depois para Lamego ; era a chamada via militar da Egitânia . A outra ia para Braga ,com passagem por Viseu . Estas vias também chamadas de estradas da Egitânia e a existência aqui do bispado formaram até ao fim do séc.XII um conjunto aglutinador que se movia em torno da Egitânia . Daí que não seja de admirar o aparecimento de cultos a santos martirizados nos tempos pagãos ,ainda mais se irmãos , no território da diocese da Egitânia . De facto ,não só as vias facilitavam esse contacto , como a criação da diocese da Idanha em 561 no 1º concílio de Braga ( já no domínio Suevo) ,criaram entre estas regiões fortes laços . Assim ,ainda mais se esses mártires o tinham sido em Braga .
ResponderExcluirTudo isto é fascinante ,não é verdade ?! Eu ,por mim ficava já aqui o dia inteiro a falar sobre o assunto .Por isso , aceito sempre de bom grado todas as ajudas que acharem por bem dar-me , assim como dou aquelas de que a minha modesta "sabedoria " for capaz .
Vezinho algodrense
Muntas vesitas da parte
desta arraiana
Quina
Mais um post interessantíssimo como a Quina sabe fazer com o que a sua terra tem para acrescentar ao nosso conhecimento. A Senhora do Almortão, a Senhora da Consolação, a Senhora das Neves, a Senhora da Consolação... têm romarias que vêm dos confins do tempo e que sigo com devoção.
ResponderExcluirBem-haja, Quina! Gosto muito, mesmo muito, do que aqui nos conta.
Continue! Que as mãos não lhe doam e que a nós não nos falte fôlego para a ler.
Beijinhos
Isa ,como lhe posso agradecer tudo o que diz sobre o que eu escrevi ? Dizendo-lhe que fico muito feliz porque a Isa não se cansa a ler tudo o que aqui deixo e que por isso , pelos que são tão pacientes comigo , continuarei a contar como é na Beira Interior Sul , a velha Egitânia
ResponderExcluirBem-haja
Beijinhos
Quina
E o toque do adufe continua a soar neste espaço.
ResponderExcluirAté me parece que a romaria de NSA sem o rufar ritmado dos adufes, que numa manifestação de fé das romeiras acompanha o bater do coração, não seria romaria.
Estes dois símbolos da identidade Idanhense, NSA e o adufe, em que as suas armas são também as armas do município, já são indissociáveis da cultura do nosso concelho.
Pena é que a estes valores, em dia de romaria, não seja guardado o devido respeito por muitos que ali se deslocam, não destrinçando o ambiente de feira de ambiente de solenidade.
Vegitas
Quina
ResponderExcluirApesar de ter estado ausente dos comentários, acompanhei com interesse, a bela lição de História que a Quina e o João nos têm proporcionado.
Neste momento, parece-me que já esta tudo em ordem com o Blogger e, cá estou de novo, disposta a aproveitar um pouco mais.
Beijinhos
Lourdes
Olá vezinho Chanesco ! gosto em saber notícias suas . Este ano não pude estar por aí mas recebi logo um vídeo que me mostrou que o manto da Senhora era ,cor -de -rosa e prata . Concordo consigo no que se refere ao errado que é a mistura entre as tendas de feira e as manifestações sagradas . Sabe , eu seguindo as tradições dos meus pais ,fiz-me membro da confraria ...No entanto ,como na Idade Média , as mulheres não são ouvidas nem achadas .Porém ,como não sou de ficar calada aguardo uma oportunidade para começar por falar com o Sr. Padre Adelino sobre o assunto . Vejo nele uma pessoa muito sensata a quem já tenho recorrido noutras ocasiões e que me saberá indicar como proceder .
ResponderExcluirVá dando notícias
Muntas vesitas
Quina
Viva Lourdes ,seja bem vinda . Sabe os blogues e o facebook ,tem andado tudo um pouco baralhado . Mas parece que já passou o pior . Gosto sempre de ter a sua opinião sobre o que escrevo ,por isso ,volte sempre .Tenho algumas coisas novas sobre a romaria deste ano que tavez ainda acrescente.
ResponderExcluirBeijinhos
Quina
Peço desculpa pela minha intrusão. Era só para salientar que em Rebordainhos também se cantave e dançava este refrão, nas danças populares, (eiras) segunda de Páscoa.
ResponderExcluirP.S. visitei pela 1ª vez,e, creio não ser a última... obrigado António Brás Pereira
Bem-vindo António !!! Creio que a Eduarda já se tinha referido a si no facebook... Não estou errada ?!
ResponderExcluirTenho muito gosto em o ter por cá .Interessante a coincidência do cantarmos o mesmo refrão.... Aliás , ainda tenho que entender que tem ele a ver com os cantares da Srª do Almortão...Ou , agora que me fala em danças de eira , talvez comece a vislumbrar algo .Tenho de pesquisar...
Saudações "arraiana "
Quina
Está certíssima em relação à referência. Quanto aos cantares, pode ser apenas coincidência... também só me beio às recordações o refrão.
ResponderExcluirCumprimentos, António Brás Pereira
Um texto apurado, lindo, onde fica "tudo" dito sobre festas e romarias do concelho de Idanha, especialmente de Nossa Senhora do Almotão. O que eu aprendi!!!
ResponderExcluirBem haja!
António Serrano , dev-lhe um agradecimento pelas suas palavras e sua visita . Espero tornar a vê-lo por cá.
ResponderExcluirBem-haja
Quina
Eu conheço esta capela!!!
ResponderExcluirNossa Senhora do "Almortão" não é?
Al = O
Mortão = Imensidão de mortes
Eu vi uma lição do Sr. Dr. Prof. José Hermano Saraiva sobre esse sitio!
E da ocupação romana do local... Explendida historia!
Optimo blog Idanhense sonhadora! Parabens!
Ultimamente tenho tido boas surpresas com os nossos blogers!
Flávio
Perdão,
ResponderExcluirNão há tambem uma "oração" que fala de Espanha?
livre-nos de castela ou algo assim...
Flávio
Flávio ,seja bem vindo e espero que vá aparecendo e deixando o seu comentário . A palavra Almotão ou Almortão e ainda Almurtâo que muitos ainda dizem ser de origem árabe , aponta já hoje para o cananita antigo e deve ter a ver com os lusitanos .O culto sempre terá existido neste local desde a pré-história , com alterações do nome da divindade...Quanto ao povo liga o termo mortão ou murtão à murta sobre a qual a lenda diz que a Senhora apareceu...
ResponderExcluirHá uma quadra que diz : "Srª do Almotão / minha tão linda arraiana / voltai costas a Castela /não queirais ser castelhana ."E Ela está de costa para Castela ...Dizem que os espanhóis várias vezes tentaram roubar a imagem!???
Muito teriamos para falar
Espero continuar a vê-lo por cá
Despeço-me à maneira do subdialecto da Beira Interior Sul onde se englobam os falares idanhenses
Bem-haja e muntas vegitas
Quina
Exactamente Quina!!
ResponderExcluirera isso mesmo! É a musica do primeiro video. So vi agora os videos..
Sou grande apreciador do culto Mariano! Tem acontecimentos maravilhosos.
Flávio Teixeira
Flávio ,ainda bem que gostou do que viu . O culto Mariano na minha região é um manancial inesgotável . Aliás por todo o Portugal....seja qual for a forma que assume .
ResponderExcluirQuina
Adoro viver na Raia e de me sentir descendente dos Heróis Lusitanos, por isso fico sempre entusiasmado quando vejo escritos sobre as nossa raízes. A ler este post algo me ressaltou à vista, não é que seja grave, mas gostaria de advertir de que a ponte de Alcântara está totalmente em território de Espanha, a ponte de Segura também Romana de origem é que divide os nossos Países.
ResponderExcluirLeitor anónimo, pena que não tenha deixado um nome ...Só hoje ,e após mais um regresso de Idanha-a-Nova , li o seu comentário ,assim como o seu reparo . Agradeço sempre as chamadas de atenção , pois não me considero dona de todo o conhecimento . No entanto e, neste caso não me parece ter cometido nenhuma gafe . Não afirmo que desde que foi definida a fronteira com Castela e que se manteve com Espanha (excepto o pedaço que desde a guerra das Laranjas que os espanhóis não devolveram até hoje!!; refiro -me a Olivença , claro !)através do Tratado de Alcanises em 1297 a 12 de setembro , entre D. Dinis de Portugal e Fernando IV de Castela , alguma vez a ponte de Alcântara passou a estar em território nacional,ou ser parte da linha de fronteira . Não precisaria mesmo de ter grandes conhecimentos de História para tal afirmar ...Bastar-me-iam as minhas travessias da referida ponte , para saber que só entrava em território nacional , quando chegava ao fim do tabuleiro , do lado de Segura , onde a Guarda Fiscal tinha o seu pouso e fechava a fronteira à meia -noite!!É, pois , ou era apenas uma simples porta de entrada em Portugal ...Agora , quando falo da Egitânia ,já as coisas mudam .Saberá , com certeza ,que durante o domínio romano a capital da Lusitânia foi para Mérida e a via que refiro ,vinha desta cidade atravessava a referida ponte , entrava no actual território português e seguia para norte . É também nessa ponte que se encontra , a meio , a inscrição que fala das tribos que contribuíram para a sua construção .Aí , lá estão os Egaeditanus , os Lancienses (actual território de Castelo Branco ) , entre outros...Falo pois da Lusitânia a quem , infelizmente a Castela e Espanha ficaram com um pedaço...
ResponderExcluirRevi tudo aquilo que escrevi e , logo no início digo que os Egaeditanus contribuíram para a dita ponte que atravessa o rio Tejo , ligando , a Espanha a Portugal. Não me referi à ponte romana de Segura em território nacional e sua linha de fronteira ...Mas , se por aqui passar de novo e achar que escrevi algo pouco claro ,agradeço que me diga . Seria grave que o meu erro prevalecesse !!!
Resumindo : em Segura , terra do concelho de Idanha-a-Nova , podemos aceder a 2 pontes romanas .Uma imponente , que atravessa o Tejo em território espanhol ,ligando a Espanha a Portugal ,sem ser linha de fronteira , outra em território português ,muito mais modesta ,faz , no entanto ,parte dessa linha .
Grata ,
Quina
PS-Caso queira ver algo mais sobre vias da velha Lusitânia recomendo-lhe --- "As Grandes Vias da Lusitania" de Mário Saa .