quarta-feira, 4 de maio de 2011

E O TOQUE DO ADUFE CONTINUA A SOAR ....HÁ TANTAS ROMARIAS NESTE CONCELHO...MAS A MAIOR É A DA SRº DO ALMOTÃO


                                                             ARA    de    IGAEDO (A  ?)                                                                                                                                                                                                         


De facto , muitas são as romarias que por terras do concelho de Idanha -a -Nova se realizam a partir do sábado de Aleluia . Senão vejamos : as de Santa Maria Madalena , Santa Catarina e  Senhora da Granja , logo no domingo de Páscoa ; na 2ª feira  a de Santa Marinha ; uma semana depois , temos a de S. Domingos e uma segunda (noutra aldeia ...) a Santa Catarina ; mas 3 dias mais tarde surge a da Senhora da Consolação que dura 2 dias  e que se cruza com a festa  da  Divina Santa Cruz que se estende por 4 dias . E, eis que já estamos 15 dias após a Páscoa ; é a altura de rumarmos à SENHORA DO ALMOTÃO que sábado à noite com o arraial e se estendem pelo  domingo , 2º feira e 3ª feira ...Mas , não pensem que já terminaram ..., não !! No mesmo domingo há ainda a festa da Senhora das Cabeças  e , no fim -de -semana seguinte , a romaria da Senhora da Graça e a da Senhora da Conceição . Outras festas ainda haverá , em Junho , em honra do Espírito Santo ( em 4 localidades simultaneamente !!) assim como as de   S. João  e de S. Pedro .
    No entanto , foi a Senhora do Almortão ou ainda Almurtão que se tornou mais conhecida . O seu cancioneiro logo nos diz que , a sua nomeada , chegou a Lisboa , a Coimbra , ao Alentejo ... Até Zeca Afonso a cantou....e muitos outros se lhe seguiram .
   A ermida situa-se em plena campina ou "campanha " de Idanha-a-Nova , numa ligeira elevação , dominando todo o espaço envolvente . A vasta e fértil campanha verdejante , irrigada pela barragem , logo dali pertelinho , que nos  aparece salpicada de sobreiros e oliveiras , azinheiras ,carvalhos e até olaias , é um repouso para o coração e o espírito .  Junto da ermida , como o povo diz , "corre lá sempre um arzinho " mesmo em dias de muito calor . Os idanhenses que habitam outras regiões , não vão há" terra" sem a irem visitar . Para eles, crentes ou não crentes , era como se deixassem de ir a casa de um familiar muito querido. Por isso é vê-los por lá na sua visita ,ou ouvi-los dizer : "Agora tenho de ir ver a Senhora do Almotão !"Alguém "de fora " pensaria tratar-se de uma senhora sua conhecida de longa data .. E de facto é .Todo o idanhense se habituou  desde criança  a tê-La no seu rol de familiares . A casa dela espera por eles e , por isso , cada um à sua maneira entra no seu "almiére " (entrada da casa ,no subdialecto da região sul interior da Beira Baixa ) e conversa com ela .
  Na realidade ,este convívio vem "do mais profundo dos tempos "... Desde os tempos Pré -Históricos que o homem por aqui anda e aqui , neste local de Água Murta , prestou culto à" DEUSA-MÃE " . Depois vieram vários povos . O destaque vai neste território para a que terá sido a mais poderosa  tribo lusitana ,___ a julgar pelo 1º lugar que ocupa na inscrição romana dos povos que contribuíram para a construção da ponte de Alcântara__  a  dos IGAEDITANOS . Tal ponte ,como sabemos , foi levantada sobre o rio Tejo ,ligando ainda hoje Portugal e Espanha ; é considerada a maior no seu género em todo o Império Romano e foi já proposta à UNESCO para património da humanidade . Ora , esses  Igaeditanos que aí surgem ,   prestavam culto a deuses , como Igaedus  (ou seria Igaeda ?)  .Por  detrás da ermida  ,perto da fonte de águas medicinais , foi encontrada uma ara a Igaedus que tive o enorme gosto de ver e tocar  e que ,actualmente não se sabe onde pára....Dela fiz algumas reproduções ...  No entanto , os Lusitanos nunca esquecerem a "Mãe".Uma certa influência Celta , ter-se-à feito ainda sentir por aqui  ,apesar de esta ter sido mais presente em território que já não era pertença dos Igaeditanos . Fenícios , Egípcios , Judeus , Gregos e Romanos também calcorrearam  por este território . Quase  todos eles continuavam a venerar a Deusa Mãe quer ela se chamasse  Arentia , Ataegina  , Mitra , Cibele , Isis ou Vénus... .  A História vai-nos mostrando como as minas de ouro e estanho , atraíram a esta região , mesmo povos que eram basicamente mercadores , como os 3 primeiros que citei . Vinham eles  pelo porto  de Cádis e pelo rio Guadiana atingindo as terras da Egitânia um pouco mais a norte . Diz-nos também a mesma ciência  , que esta foi a única região da Beira Interior onde Egípcios  com os seus cultos , se fixaram  .  E , se os judeus não veneravam a Deusa , tal não significa que  como todos os outros ,  aqui  não tenham deixado as suas influências e os seus vestígios ...Que dizer de facto do nome da Senhora se escrever de 3 maneiras diferentes ? Almotão , Almortão e Almurtão !!! Será mesmo uma palavra  de origem árabe ? Não estou de acordo e acho que é tempo de ultrapassarmos a teoria que todas as palavras começadas por Al são , forçosamente árabes !!! E o Adufe que é o instrumento fundamental nas festas em sua honra ? Terá mesmo sido introduzido pelos mouros ? Creio que não , que já por aqui soava há séculos , pois há séculos já ele surgira na Suméria . Quantos mistérios por desvendar ... Com eles continuamos hoje a lidar  e , entretanto , nem  sequer nos lembramos que , todos estes  antepassados dos idanhenses , também já fizeram a este lugar as "vesitas " que ainda hoje eles fazem . É pois este , como gosto de afirmar  "um lugar sagrado vindo do mais profundo dos tempos "!!!
       Se para mim a continuidade religiosa no local , é uma verdade histórica , também considero que a sua cristianização data de Suevos e Visigodos . Contudo ,  cristianização do lugar de Água Murta está envolta numa lenda , como sucede quase em todos os contextos semelhantes a este . Conta-se que um pastor ou uns ganhões (a estória diverge ...)um dia por ali passavam , quando viram , no meio de uma" murtêra" , algo que muito brilhava . Aproximaram-se e viram uma imagem de Nossa Senhora . Guardaram-na no" sarrão" (espécie de saco feito de pele de cabra que servia para levar a "marenda " para o trabalho ) . Levaram -na , 2º uma das versões para Monsanto , e de acordo com a outra , para  Alcafozes  (actualmente aldeias do concelho de Idanha-a-Nova ) . No dia seguinte , quando iam para levar a imagem para a Igreja local  , não a encontraram  . Foram descobri-la na mesma  "murtêra" onde a viram pela 1ª vez . Juntamente com os outros populares , decidiram erguer aí aquilo a que os idanhenses chamam de "casinha caliada " .                                                                     
     E os idanhenses cantam ao som do adufe :                                                              
                                                              Senhora do Almurteum,
                                                              Onde" tendeis" a morada ,
                                                               ao cimo da "barronchêra " ,
                                                               numa casa caliada .                                         
      O 1º documento escrito que nos refere a Senhora ,  data de 1229 , do reinado de D. Sancho II É um foral dado a Idanha -a-Velha  (a Egitânia ) que numa delimitação de termos diz "...Sanctam  Mariam Almorton ".  Tanto basta para , sem qualquer dúvida  , colocar a sua romaria entre   uma das mais antigas de Portugal . Mas , nem sempre  esta se  realizou  15 dias após a Páscoa  , tendo sido 1º em Março  e depois em Setembro  . Só em 1922 passou , definitivamente , para a data actual . Com a Senhora celebra-.se também Santa Bárbara e S. Romão .  Se S. Romão tem a festa no domingo , esta já começou sábado com o arraial . Todavia  , Santa Bárbara venera-se na 3ª feira , dia destinado às pessoas que estando de luto não devem ir em nenhum dos 3 dias de festa....Esta Santa é ainda a protectora das pessoas contra os "raios das travoédas ". Por tudo  isso o povo canta,mais uma vez ao som do adufe :
                                                          Senhöra do "Almurteum" ,
                                                          quem "tendeis " por companhia ,
                                                          Santa "Barbra e Sam Romeum ",
                                                          "capiteum da möraria ".
                                        
                                                        Senhöra do" Almurteum "
                                                        este ano " nã pormeto ",
                                                        que me morreu o marido ,
                                                        "nã"  posso lá ir de preto .

                       Mas se canta ,também reza :
                                                    "Santa Barbra bindita ,
                                                     que no céu está escrita ,
                                                     com pinguinhas d'auga benta ,
                                                     livra-nos Senhori desta tromenta ."

   Manda a tradição que para além da festa religiosa , composta por missa campal e procissão  , haja manifestações profanas . Essas passam pelo arraial com o" fogo preso " ;  pelos vários  ranchos de pessoas que  , ao som do adufe , cantam à vez , no "almiére " da Senhöra " ; pelas merendas que se devem comer nos campos da "Senhöra" ,  incluindo , obrigatoriamente , ovos verdes , caso contrário não estarão correctas por muitas coisas saborosas que  integrem. É , igualmente tradição , a compra de amêndoas , de relógios de açúcar e de bolinhas de "sarradura " envoltas em pratas coloridas e com elástico ,... para brincar ...
  Contudo , há ainda outros costumes que ao longo dos tempos se têm perpetuados . Entre eles está o ir buscar a Senhora para a vila se se estiver a viver um período de seca ou de muita chuva . A Senhora aparece como intermediária , junto do Alto  , na resolução desses problemas .Diz a voz do povo que sempre que tal se fez , antes da Senhora entrar em Idanha-a-Nova  , aí pelo lugar chamado de Senhora da Graça , a alteração do tempo pedida se realizou . Esclareço que a Imagem  ,  pertencente ao tipo das chamadas imagens de roca , é trazida em ombros e acompanhada pelo povo em procissão , a pé , até ao seu destino . Este , começou por ser nos tempos mais antigos , a capela do solar do Conde de Idanha-a-Nova ,dedicada a S. Joaquim , o solar é em "Estilo Chão nacional " datado do início do séc. XVIII . Mais tarde a Senhora passou a ficar na Igreja Matriz  , para que o povo a possa "visiteri". Ainda hoje os idanhenses que estão , constantemente , a socorrer-se da Senhora ,costumam prometer idas a pé , pela campanha fora  , até à "casa caliada " . Tal hábito entrou também , nos tempos actuais , nas praxes dos calouros da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova  que também  Lhe doam  as suas fitas , quando terminam os seus cursos .Aliás , a "benção das fitas" é realizada no santuário .
   Dentro das tradições refiro , por último , a brincadeira de se dizer que dentro do cruzeiro , que antecede a entrada no terreiro , está uma velha a peneirar . Instintivamente , encosta-se a cabeça para "escuitari" !!!É então que , "ao deleve!!!" , se apanha uma cabeçada  no dito cruzeiro . Era , ou ainda é o chamado "batismo " para quem aí vai pela 1ª vez .
    Por fim , deixo mais um pormenor : A bandeira do Espírito Santo e a sua coroa com a pomba têm de estar sempre presentes nas festas da Senhora . Tentei saber o porquê junto dos mais velhos e mais uma vez recebi a resposta : "Já o cá encontrêmos dos nossos intigos " Está tudo dito ....da "fondura" dos tempos chegaram até nós . Anseio e desejo que os mais novos tudo isto preservem ....                                                                                                                                                    Que pela campanha de Idanha-a-Nova se continue a ouvir ao som do adufe :                                                                                          "Senhöra do Almurteum
                                                       Já cá vamos à barrêra ,
                                                       apanhari as fitas verdes,
                                                      que cairam da Bandêra ".
                                                     
                                                       "Senhöra do Almurteum .
                                                         dai volta ao arraial ,
                                                         romaria como a vossa ,
                                                        não a há em Portugal "
               Refrão :                                                                                                                                                                                Olha a laranjinha
                                                       que caiu ,caiu ,
                                                       num rigato de auga
                                                       nunca mais se viu.
                                                       Nunca mais se viu ,
                                                       nem se torna a veri,
                                                       cravos há janela ,
                                                       rosas a nasceri ."                                                                                                                                                 

       
Eu  ,como não estive presente ,digo à Senhora :

                                                   Senhora do Almotão,
                                                   que lindo é o Teu manto ,
                                                   cor da rosa que Tu és ,
                                                   "Arraiana ", nosso encanto ."

  Nota - As imagens mais pequenas são de Santa Bárbara ,levada por mulheres vestidas de arrainas e a de S. Romão levada por rapazes. Os " Membros da Confraria da Srª do Almortão"  ,levam o andor da Senhora ; uma de cada lado do andor ,estão as 2" mordomas" que estão incumbidas de vestir a Senhora.
  Quanto à música tocada na "Arruéda" pela Filarmónica Idanhense .fundada em 1888 ,é o "Hino da Srª do Almortão". É tocado desde sábado de Aleluia  . Aqui os idanhenses manifestam a sua alegria , acompanhando a filarmónica , em voltas que circundam a  ermida , pelo menos em número de 3 . A Filarmónica conta com cerca de 60 membros que no dia 30 de Abril deste ano acompanharam ,entre outros , Janita Salomé num concerto de homenagem a Zeca Afonso .
    
    (  PS. Ainda no que diz respeito às várias romarias , acrescento que na 2º feira de Páscoa também há outra à Srª da Consolação )

        BEM -HAJAM  PELA VOSSA VISITA ; voltem sempre                                                       

32 comentários:

  1. A devoção do povo é extraordinária e a Quina deixou-o bastamente demonstrado, assim como aos folguedos que acompanham a fé, pois o Homem também vive de se divertir.

    A Senhora do Almortão sempre me teve cativa pela beleza de tudo quanto se faz para Lhe pestar homenagem.

    Um abraço

    Um abraço

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  2. Para este "peditório" o que é que eu posso dizer mais? Diria que está cá tudo, não fora o caso da Senhora da Consolação (deixa-me puxar a brasa à minha sardinha) estar referida como se fosse 10 a 12 dias depois da Páscoa. Isso é em Monfortinho, porque na minha terra, devido à evolução dos tempos, é logo na segunda feira a seguir à Páscoa (antigamente era na 2ª segunda feira). Posto isto, resta-me acrescentar que a seguir a Nossa Senhora da Consolação, era a Senhora do Almurtão a santa da devoção da minha mãe e se alguma vez tinha saído da terra foi para essa romaria. Depois de sairmos da minha terra, das poucas vezes que lá voltámos, pelo menos por três vezes visitámos a Senhora do Almurtão.
    E, é tudo!

    Abraço,
    João

    (PS: Grande problema deve ter havido aí com um "post" do dia 3 de Maio. Por mais que tentasse, não conseguia aceder ao blogue. Só clicando no "cache")

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  3. Olá Fátima está certa nas palavras que diz . Quanto à Senhora do Almotão a ter cativa , porque não aproveitar umns dias de férias pela s terras de Idanha-a-Nova e ir visitá-la ? Ela tem a porta aberta todos os dias ...
    Um abraço
    Quina

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  4. João , peço-lhe imensa desculpa pela falta que cometi... De facto a Srª da Consolação é domingo de Páscoa em Salvaterra e só 1 semana depois em Monfortinho . Já não coloquei os nomes das terras para não cometer nenhum erro ,mas logo acabei por fazê-lo com a Senhora da sua terra . Não foi para o arreliar ....juro !!! A verdade está reposta . Bem -haja ...
    "Muntas Vesitas "
    Quina

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  5. Afinal, Quina, parece-me ter ainda alguns trocos para este “peditório”. Nas Memórias Paroquiais de Idanha-a-Nova, em 1758, e a propósito das romagens a Nossa Senhora do Almurtão (eu, digo assim), podemos ler:
    “Acodem romagens certas à Senhora do Almurtão, desta Vila, três: a 8 de Setembro, a 25 de Março e Dia dos Prazeres”.
    Ora no dia 8 de Setembro, celebrava-se e celebra-se a festa da Natividade de Nossa Senhora; no dia 25 de Março, celebrava-se a solenidade da Anunciação de Nossa Senhora, ou Anunciação do Senhor. Falta o Dia dos Prazeres, que é o dia de Nossa Senhora dos Prazeres e que não tem data determinada mas que é numa segunda-feira e 8 dias depois da Páscoa, segunda-feira de Pascoela, que era também o dia da primeira feira, em Idanha-a-Nova e dia de romagem à Senhora do Almurtão.

    Este resumo é baseado no livro dum natural de Salvaterra, o Pe. Bonifácio Bernardo, “A Festa de Nossa Senhora da Consolação”.

    As minhas desculpas mas, aproveito para corrigir, de novo, o que à Senhora da Consolação diz respeito. Sem entrar em muitos pormenores, posso dizer que a festa de Nossa Senhora da Consolação, era também no dia de Nossa Senhora dos Prazeres, segunda-feira de Pascoela e era em Monfortinho. Em 1905, quando Salvaterra quis que a festa fosse em Salvaterra, o problema originou que se criassem duas festas, a de Salvaterra no dia correcto, segunda-feira de Pascoela e a de Monfortinho, três dias depois, ou seja, na quinta-feira seguinte. Hoje, em dia, para aproveitar as férias da Páscoa, Salvaterra faz a festa logo na segunda-feira a seguir ao Domingo de Páscoa (não no Domingo de Páscoa) e Monfortinho lá continua a fazê-la na quinta-feira da semana seguinte.

    Espero, com isto, ter esclarecido mais alguma coisa.

    Abraço,
    João Celorico

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  6. João ,já corrigi em definitivo o dia da festa da Srª da Consolação; espero não ter cometido mais nenhum novo erro . De facto estou muito distraída !!!, deve ser da conjuntura ,pois consultei a agenda do nosso concelho "O Adufe " que me dá a indicação certa . Quanto à Srª do Almotão eu sabia das datas anteriores e que até chegou a haver 3 festas . Não quis foi alongar mais o tema e o texto do blogue . Também ,e aí peço desde já perdão , apenas digo que muito ainda há para dizer mas , guardei tudo para que o livro que já escrevi e a Câmara se mostrou interessada em publicar , venha à "luz do dia "!!!!traga novidades.
    Fico grata pelas suas ajudas e correcções
    Bem-haja
    "Com as minhas vesitas "
    Quina

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  7. A DEUSA-MÃE, quaisquer que tenham sido, ou sejam nos nossos dias, os nomes por que foi e é conhecida, continua a juntar as gentes deste canto da antiga Lusitânia em redor das muitas ermidas espalhadas pelos seus campos.
    É uma cultura de milénios que continua viva em terras da Beira Baixa.
    Senhora do Almortão
    Virai para cá o rosto
    Há muito que vos não vejo
    Quero-vos ver a meu gosto


    Bem-haja vezinha por este seu post.
    João Adolfo

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  8. Vezinho João Adolfo , creio mesmo que a Deusa -Mãe está de tal maneira ligada a nós que ,seja qual for os nomes que tenha e os rostos que mostre , é já uma das partes intrínsecas de cada um de nós.
    Bem-haja pelas suas palavras
    Muntas vesitas
    Quina

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  9. Quina
    Gosto da possibilidade que os nossos antepassados nos deram; - valorizar!
    Aqui não há um fim, mas um início de um conceito que esta subjacente e que nos providência história, vida, corpo, estrutura, e qui ça alma.
    Beijos

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  10. Quina

    vim agradecer sua visita ao Prosa e conhecer seu espaço. Um lugar de se aprender sobre costumes e povos desse seu lindo Portugal. Vou sempre voltar, porque daqui gostei bastante.
    Obrigada e uma boa noite para você.

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  11. Eduarda , só tenho para lhe dizer ,um grande grande BEM-HAJA
    Beijinhos
    QUINA

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  12. Dulce ,ainda bem que gostou do meu espaço e que pensa continuar comigo. Sabe , gosto muito do Brasil e já aí estive várias vezes . Estou-lhe muito grata pelas suas palavras e feliz com a sua presença
    Bem-haja (um obrigado!!! mais forte ,como se diz na minha região )
    Quina

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  13. Adorei as descricoes e a historia, que tao bem nos apresenta, tambem gosto de ve-la apresentar os ditos populares com a pronuncia da sua regiao.

    Chamou-se tambem a atencao a festa de Santa Marinha que se realiza na segunda-feira da Pascoa.
    No meu municipio celebra-se a Santa Eufemia nesse mesmo dia. Como sabera estas duas santas virgens eram irmas e naturais de Braga, foram martirizadas durante os tempos do imperio romano!

    Um abraco dalgodrense.

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  14. Bem-haja pelas suas palavras ; elas são mais um contributo para eu continuar na via que me propus . Assim por causa das 2 Santas e irmãs , martirizadas em Braga e veneradas no seu e no meu concelho , fui dar uma vista de olhos nuns livrinhos antigos daqueles que encontramos em alfarrabistas ,afim de confirmar a minha tese .Creio ,pois que a sua terra pertenceu ainda à Diocese da Egitânia que era exactamente a maior dentro do território da antiga Lusitânia. Além disso a via romana que vinha de Mérida ,pela ponte de Alcântara que tinha a civitas Egitaniense como ponto fundamental ,seguia para norte passando perto da sua terra ; esta via ,em Valhelhas dividia-se em 2 --uma passava em "Algodres" indo depois para Lamego ; era a chamada via militar da Egitânia . A outra ia para Braga ,com passagem por Viseu . Estas vias também chamadas de estradas da Egitânia e a existência aqui do bispado formaram até ao fim do séc.XII um conjunto aglutinador que se movia em torno da Egitânia . Daí que não seja de admirar o aparecimento de cultos a santos martirizados nos tempos pagãos ,ainda mais se irmãos , no território da diocese da Egitânia . De facto ,não só as vias facilitavam esse contacto , como a criação da diocese da Idanha em 561 no 1º concílio de Braga ( já no domínio Suevo) ,criaram entre estas regiões fortes laços . Assim ,ainda mais se esses mártires o tinham sido em Braga .
    Tudo isto é fascinante ,não é verdade ?! Eu ,por mim ficava já aqui o dia inteiro a falar sobre o assunto .Por isso , aceito sempre de bom grado todas as ajudas que acharem por bem dar-me , assim como dou aquelas de que a minha modesta "sabedoria " for capaz .
    Vezinho algodrense
    Muntas vesitas da parte
    desta arraiana
    Quina

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  15. Mais um post interessantíssimo como a Quina sabe fazer com o que a sua terra tem para acrescentar ao nosso conhecimento. A Senhora do Almortão, a Senhora da Consolação, a Senhora das Neves, a Senhora da Consolação... têm romarias que vêm dos confins do tempo e que sigo com devoção.
    Bem-haja, Quina! Gosto muito, mesmo muito, do que aqui nos conta.
    Continue! Que as mãos não lhe doam e que a nós não nos falte fôlego para a ler.
    Beijinhos

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  16. Isa ,como lhe posso agradecer tudo o que diz sobre o que eu escrevi ? Dizendo-lhe que fico muito feliz porque a Isa não se cansa a ler tudo o que aqui deixo e que por isso , pelos que são tão pacientes comigo , continuarei a contar como é na Beira Interior Sul , a velha Egitânia
    Bem-haja
    Beijinhos
    Quina

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  17. E o toque do adufe continua a soar neste espaço.

    Até me parece que a romaria de NSA sem o rufar ritmado dos adufes, que numa manifestação de fé das romeiras acompanha o bater do coração, não seria romaria.
    Estes dois símbolos da identidade Idanhense, NSA e o adufe, em que as suas armas são também as armas do município, já são indissociáveis da cultura do nosso concelho.
    Pena é que a estes valores, em dia de romaria, não seja guardado o devido respeito por muitos que ali se deslocam, não destrinçando o ambiente de feira de ambiente de solenidade.

    Vegitas

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  18. Quina
    Apesar de ter estado ausente dos comentários, acompanhei com interesse, a bela lição de História que a Quina e o João nos têm proporcionado.
    Neste momento, parece-me que já esta tudo em ordem com o Blogger e, cá estou de novo, disposta a aproveitar um pouco mais.
    Beijinhos
    Lourdes

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  19. Olá vezinho Chanesco ! gosto em saber notícias suas . Este ano não pude estar por aí mas recebi logo um vídeo que me mostrou que o manto da Senhora era ,cor -de -rosa e prata . Concordo consigo no que se refere ao errado que é a mistura entre as tendas de feira e as manifestações sagradas . Sabe , eu seguindo as tradições dos meus pais ,fiz-me membro da confraria ...No entanto ,como na Idade Média , as mulheres não são ouvidas nem achadas .Porém ,como não sou de ficar calada aguardo uma oportunidade para começar por falar com o Sr. Padre Adelino sobre o assunto . Vejo nele uma pessoa muito sensata a quem já tenho recorrido noutras ocasiões e que me saberá indicar como proceder .
    Vá dando notícias
    Muntas vesitas
    Quina

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  20. Viva Lourdes ,seja bem vinda . Sabe os blogues e o facebook ,tem andado tudo um pouco baralhado . Mas parece que já passou o pior . Gosto sempre de ter a sua opinião sobre o que escrevo ,por isso ,volte sempre .Tenho algumas coisas novas sobre a romaria deste ano que tavez ainda acrescente.
    Beijinhos
    Quina

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  21. Peço desculpa pela minha intrusão. Era só para salientar que em Rebordainhos também se cantave e dançava este refrão, nas danças populares, (eiras) segunda de Páscoa.
    P.S. visitei pela 1ª vez,e, creio não ser a última... obrigado António Brás Pereira

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  22. Bem-vindo António !!! Creio que a Eduarda já se tinha referido a si no facebook... Não estou errada ?!
    Tenho muito gosto em o ter por cá .Interessante a coincidência do cantarmos o mesmo refrão.... Aliás , ainda tenho que entender que tem ele a ver com os cantares da Srª do Almortão...Ou , agora que me fala em danças de eira , talvez comece a vislumbrar algo .Tenho de pesquisar...
    Saudações "arraiana "
    Quina

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  23. Está certíssima em relação à referência. Quanto aos cantares, pode ser apenas coincidência... também só me beio às recordações o refrão.
    Cumprimentos, António Brás Pereira

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  24. Um texto apurado, lindo, onde fica "tudo" dito sobre festas e romarias do concelho de Idanha, especialmente de Nossa Senhora do Almotão. O que eu aprendi!!!
    Bem haja!

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  25. António Serrano , dev-lhe um agradecimento pelas suas palavras e sua visita . Espero tornar a vê-lo por cá.
    Bem-haja
    Quina

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  26. Eu conheço esta capela!!!

    Nossa Senhora do "Almortão" não é?


    Al = O

    Mortão = Imensidão de mortes

    Eu vi uma lição do Sr. Dr. Prof. José Hermano Saraiva sobre esse sitio!
    E da ocupação romana do local... Explendida historia!

    Optimo blog Idanhense sonhadora! Parabens!

    Ultimamente tenho tido boas surpresas com os nossos blogers!

    Flávio

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  27. Perdão,

    Não há tambem uma "oração" que fala de Espanha?

    livre-nos de castela ou algo assim...

    Flávio

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  28. Flávio ,seja bem vindo e espero que vá aparecendo e deixando o seu comentário . A palavra Almotão ou Almortão e ainda Almurtâo que muitos ainda dizem ser de origem árabe , aponta já hoje para o cananita antigo e deve ter a ver com os lusitanos .O culto sempre terá existido neste local desde a pré-história , com alterações do nome da divindade...Quanto ao povo liga o termo mortão ou murtão à murta sobre a qual a lenda diz que a Senhora apareceu...
    Há uma quadra que diz : "Srª do Almotão / minha tão linda arraiana / voltai costas a Castela /não queirais ser castelhana ."E Ela está de costa para Castela ...Dizem que os espanhóis várias vezes tentaram roubar a imagem!???
    Muito teriamos para falar
    Espero continuar a vê-lo por cá
    Despeço-me à maneira do subdialecto da Beira Interior Sul onde se englobam os falares idanhenses
    Bem-haja e muntas vegitas
    Quina

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  29. Exactamente Quina!!

    era isso mesmo! É a musica do primeiro video. So vi agora os videos..

    Sou grande apreciador do culto Mariano! Tem acontecimentos maravilhosos.


    Flávio Teixeira

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  30. Flávio ,ainda bem que gostou do que viu . O culto Mariano na minha região é um manancial inesgotável . Aliás por todo o Portugal....seja qual for a forma que assume .
    Quina

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  31. Adoro viver na Raia e de me sentir descendente dos Heróis Lusitanos, por isso fico sempre entusiasmado quando vejo escritos sobre as nossa raízes. A ler este post algo me ressaltou à vista, não é que seja grave, mas gostaria de advertir de que a ponte de Alcântara está totalmente em território de Espanha, a ponte de Segura também Romana de origem é que divide os nossos Países.

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  32. Leitor anónimo, pena que não tenha deixado um nome ...Só hoje ,e após mais um regresso de Idanha-a-Nova , li o seu comentário ,assim como o seu reparo . Agradeço sempre as chamadas de atenção , pois não me considero dona de todo o conhecimento . No entanto e, neste caso não me parece ter cometido nenhuma gafe . Não afirmo que desde que foi definida a fronteira com Castela e que se manteve com Espanha (excepto o pedaço que desde a guerra das Laranjas que os espanhóis não devolveram até hoje!!; refiro -me a Olivença , claro !)através do Tratado de Alcanises em 1297 a 12 de setembro , entre D. Dinis de Portugal e Fernando IV de Castela , alguma vez a ponte de Alcântara passou a estar em território nacional,ou ser parte da linha de fronteira . Não precisaria mesmo de ter grandes conhecimentos de História para tal afirmar ...Bastar-me-iam as minhas travessias da referida ponte , para saber que só entrava em território nacional , quando chegava ao fim do tabuleiro , do lado de Segura , onde a Guarda Fiscal tinha o seu pouso e fechava a fronteira à meia -noite!!É, pois , ou era apenas uma simples porta de entrada em Portugal ...Agora , quando falo da Egitânia ,já as coisas mudam .Saberá , com certeza ,que durante o domínio romano a capital da Lusitânia foi para Mérida e a via que refiro ,vinha desta cidade atravessava a referida ponte , entrava no actual território português e seguia para norte . É também nessa ponte que se encontra , a meio , a inscrição que fala das tribos que contribuíram para a sua construção .Aí , lá estão os Egaeditanus , os Lancienses (actual território de Castelo Branco ) , entre outros...Falo pois da Lusitânia a quem , infelizmente a Castela e Espanha ficaram com um pedaço...
    Revi tudo aquilo que escrevi e , logo no início digo que os Egaeditanus contribuíram para a dita ponte que atravessa o rio Tejo , ligando , a Espanha a Portugal. Não me referi à ponte romana de Segura em território nacional e sua linha de fronteira ...Mas , se por aqui passar de novo e achar que escrevi algo pouco claro ,agradeço que me diga . Seria grave que o meu erro prevalecesse !!!
    Resumindo : em Segura , terra do concelho de Idanha-a-Nova , podemos aceder a 2 pontes romanas .Uma imponente , que atravessa o Tejo em território espanhol ,ligando a Espanha a Portugal ,sem ser linha de fronteira , outra em território português ,muito mais modesta ,faz , no entanto ,parte dessa linha .
    Grata ,
    Quina
    PS-Caso queira ver algo mais sobre vias da velha Lusitânia recomendo-lhe --- "As Grandes Vias da Lusitania" de Mário Saa .

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