quarta-feira, 4 de maio de 2011

E O TOQUE DO ADUFE CONTINUA A SOAR ....HÁ TANTAS ROMARIAS NESTE CONCELHO...MAS A MAIOR É A DA SRº DO ALMOTÃO


                                                             ARA    de    IGAEDO (A  ?)                                                                                                                                                                                                         


De facto , muitas são as romarias que por terras do concelho de Idanha -a -Nova se realizam a partir do sábado de Aleluia . Senão vejamos : as de Santa Maria Madalena , Santa Catarina e  Senhora da Granja , logo no domingo de Páscoa ; na 2ª feira  a de Santa Marinha ; uma semana depois , temos a de S. Domingos e uma segunda (noutra aldeia ...) a Santa Catarina ; mas 3 dias mais tarde surge a da Senhora da Consolação que dura 2 dias  e que se cruza com a festa  da  Divina Santa Cruz que se estende por 4 dias . E, eis que já estamos 15 dias após a Páscoa ; é a altura de rumarmos à SENHORA DO ALMOTÃO que sábado à noite com o arraial e se estendem pelo  domingo , 2º feira e 3ª feira ...Mas , não pensem que já terminaram ..., não !! No mesmo domingo há ainda a festa da Senhora das Cabeças  e , no fim -de -semana seguinte , a romaria da Senhora da Graça e a da Senhora da Conceição . Outras festas ainda haverá , em Junho , em honra do Espírito Santo ( em 4 localidades simultaneamente !!) assim como as de   S. João  e de S. Pedro .
    No entanto , foi a Senhora do Almortão ou ainda Almurtão que se tornou mais conhecida . O seu cancioneiro logo nos diz que , a sua nomeada , chegou a Lisboa , a Coimbra , ao Alentejo ... Até Zeca Afonso a cantou....e muitos outros se lhe seguiram .
   A ermida situa-se em plena campina ou "campanha " de Idanha-a-Nova , numa ligeira elevação , dominando todo o espaço envolvente . A vasta e fértil campanha verdejante , irrigada pela barragem , logo dali pertelinho , que nos  aparece salpicada de sobreiros e oliveiras , azinheiras ,carvalhos e até olaias , é um repouso para o coração e o espírito .  Junto da ermida , como o povo diz , "corre lá sempre um arzinho " mesmo em dias de muito calor . Os idanhenses que habitam outras regiões , não vão há" terra" sem a irem visitar . Para eles, crentes ou não crentes , era como se deixassem de ir a casa de um familiar muito querido. Por isso é vê-los por lá na sua visita ,ou ouvi-los dizer : "Agora tenho de ir ver a Senhora do Almotão !"Alguém "de fora " pensaria tratar-se de uma senhora sua conhecida de longa data .. E de facto é .Todo o idanhense se habituou  desde criança  a tê-La no seu rol de familiares . A casa dela espera por eles e , por isso , cada um à sua maneira entra no seu "almiére " (entrada da casa ,no subdialecto da região sul interior da Beira Baixa ) e conversa com ela .
  Na realidade ,este convívio vem "do mais profundo dos tempos "... Desde os tempos Pré -Históricos que o homem por aqui anda e aqui , neste local de Água Murta , prestou culto à" DEUSA-MÃE " . Depois vieram vários povos . O destaque vai neste território para a que terá sido a mais poderosa  tribo lusitana ,___ a julgar pelo 1º lugar que ocupa na inscrição romana dos povos que contribuíram para a construção da ponte de Alcântara__  a  dos IGAEDITANOS . Tal ponte ,como sabemos , foi levantada sobre o rio Tejo ,ligando ainda hoje Portugal e Espanha ; é considerada a maior no seu género em todo o Império Romano e foi já proposta à UNESCO para património da humanidade . Ora , esses  Igaeditanos que aí surgem ,   prestavam culto a deuses , como Igaedus  (ou seria Igaeda ?)  .Por  detrás da ermida  ,perto da fonte de águas medicinais , foi encontrada uma ara a Igaedus que tive o enorme gosto de ver e tocar  e que ,actualmente não se sabe onde pára....Dela fiz algumas reproduções ...  No entanto , os Lusitanos nunca esquecerem a "Mãe".Uma certa influência Celta , ter-se-à feito ainda sentir por aqui  ,apesar de esta ter sido mais presente em território que já não era pertença dos Igaeditanos . Fenícios , Egípcios , Judeus , Gregos e Romanos também calcorrearam  por este território . Quase  todos eles continuavam a venerar a Deusa Mãe quer ela se chamasse  Arentia , Ataegina  , Mitra , Cibele , Isis ou Vénus... .  A História vai-nos mostrando como as minas de ouro e estanho , atraíram a esta região , mesmo povos que eram basicamente mercadores , como os 3 primeiros que citei . Vinham eles  pelo porto  de Cádis e pelo rio Guadiana atingindo as terras da Egitânia um pouco mais a norte . Diz-nos também a mesma ciência  , que esta foi a única região da Beira Interior onde Egípcios  com os seus cultos , se fixaram  .  E , se os judeus não veneravam a Deusa , tal não significa que  como todos os outros ,  aqui  não tenham deixado as suas influências e os seus vestígios ...Que dizer de facto do nome da Senhora se escrever de 3 maneiras diferentes ? Almotão , Almortão e Almurtão !!! Será mesmo uma palavra  de origem árabe ? Não estou de acordo e acho que é tempo de ultrapassarmos a teoria que todas as palavras começadas por Al são , forçosamente árabes !!! E o Adufe que é o instrumento fundamental nas festas em sua honra ? Terá mesmo sido introduzido pelos mouros ? Creio que não , que já por aqui soava há séculos , pois há séculos já ele surgira na Suméria . Quantos mistérios por desvendar ... Com eles continuamos hoje a lidar  e , entretanto , nem  sequer nos lembramos que , todos estes  antepassados dos idanhenses , também já fizeram a este lugar as "vesitas " que ainda hoje eles fazem . É pois este , como gosto de afirmar  "um lugar sagrado vindo do mais profundo dos tempos "!!!
       Se para mim a continuidade religiosa no local , é uma verdade histórica , também considero que a sua cristianização data de Suevos e Visigodos . Contudo ,  cristianização do lugar de Água Murta está envolta numa lenda , como sucede quase em todos os contextos semelhantes a este . Conta-se que um pastor ou uns ganhões (a estória diverge ...)um dia por ali passavam , quando viram , no meio de uma" murtêra" , algo que muito brilhava . Aproximaram-se e viram uma imagem de Nossa Senhora . Guardaram-na no" sarrão" (espécie de saco feito de pele de cabra que servia para levar a "marenda " para o trabalho ) . Levaram -na , 2º uma das versões para Monsanto , e de acordo com a outra , para  Alcafozes  (actualmente aldeias do concelho de Idanha-a-Nova ) . No dia seguinte , quando iam para levar a imagem para a Igreja local  , não a encontraram  . Foram descobri-la na mesma  "murtêra" onde a viram pela 1ª vez . Juntamente com os outros populares , decidiram erguer aí aquilo a que os idanhenses chamam de "casinha caliada " .                                                                     
     E os idanhenses cantam ao som do adufe :                                                              
                                                              Senhora do Almurteum,
                                                              Onde" tendeis" a morada ,
                                                               ao cimo da "barronchêra " ,
                                                               numa casa caliada .                                         
      O 1º documento escrito que nos refere a Senhora ,  data de 1229 , do reinado de D. Sancho II É um foral dado a Idanha -a-Velha  (a Egitânia ) que numa delimitação de termos diz "...Sanctam  Mariam Almorton ".  Tanto basta para , sem qualquer dúvida  , colocar a sua romaria entre   uma das mais antigas de Portugal . Mas , nem sempre  esta se  realizou  15 dias após a Páscoa  , tendo sido 1º em Março  e depois em Setembro  . Só em 1922 passou , definitivamente , para a data actual . Com a Senhora celebra-.se também Santa Bárbara e S. Romão .  Se S. Romão tem a festa no domingo , esta já começou sábado com o arraial . Todavia  , Santa Bárbara venera-se na 3ª feira , dia destinado às pessoas que estando de luto não devem ir em nenhum dos 3 dias de festa....Esta Santa é ainda a protectora das pessoas contra os "raios das travoédas ". Por tudo  isso o povo canta,mais uma vez ao som do adufe :
                                                          Senhöra do "Almurteum" ,
                                                          quem "tendeis " por companhia ,
                                                          Santa "Barbra e Sam Romeum ",
                                                          "capiteum da möraria ".
                                        
                                                        Senhöra do" Almurteum "
                                                        este ano " nã pormeto ",
                                                        que me morreu o marido ,
                                                        "nã"  posso lá ir de preto .

                       Mas se canta ,também reza :
                                                    "Santa Barbra bindita ,
                                                     que no céu está escrita ,
                                                     com pinguinhas d'auga benta ,
                                                     livra-nos Senhori desta tromenta ."

   Manda a tradição que para além da festa religiosa , composta por missa campal e procissão  , haja manifestações profanas . Essas passam pelo arraial com o" fogo preso " ;  pelos vários  ranchos de pessoas que  , ao som do adufe , cantam à vez , no "almiére " da Senhöra " ; pelas merendas que se devem comer nos campos da "Senhöra" ,  incluindo , obrigatoriamente , ovos verdes , caso contrário não estarão correctas por muitas coisas saborosas que  integrem. É , igualmente tradição , a compra de amêndoas , de relógios de açúcar e de bolinhas de "sarradura " envoltas em pratas coloridas e com elástico ,... para brincar ...
  Contudo , há ainda outros costumes que ao longo dos tempos se têm perpetuados . Entre eles está o ir buscar a Senhora para a vila se se estiver a viver um período de seca ou de muita chuva . A Senhora aparece como intermediária , junto do Alto  , na resolução desses problemas .Diz a voz do povo que sempre que tal se fez , antes da Senhora entrar em Idanha-a-Nova  , aí pelo lugar chamado de Senhora da Graça , a alteração do tempo pedida se realizou . Esclareço que a Imagem  ,  pertencente ao tipo das chamadas imagens de roca , é trazida em ombros e acompanhada pelo povo em procissão , a pé , até ao seu destino . Este , começou por ser nos tempos mais antigos , a capela do solar do Conde de Idanha-a-Nova ,dedicada a S. Joaquim , o solar é em "Estilo Chão nacional " datado do início do séc. XVIII . Mais tarde a Senhora passou a ficar na Igreja Matriz  , para que o povo a possa "visiteri". Ainda hoje os idanhenses que estão , constantemente , a socorrer-se da Senhora ,costumam prometer idas a pé , pela campanha fora  , até à "casa caliada " . Tal hábito entrou também , nos tempos actuais , nas praxes dos calouros da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova  que também  Lhe doam  as suas fitas , quando terminam os seus cursos .Aliás , a "benção das fitas" é realizada no santuário .
   Dentro das tradições refiro , por último , a brincadeira de se dizer que dentro do cruzeiro , que antecede a entrada no terreiro , está uma velha a peneirar . Instintivamente , encosta-se a cabeça para "escuitari" !!!É então que , "ao deleve!!!" , se apanha uma cabeçada  no dito cruzeiro . Era , ou ainda é o chamado "batismo " para quem aí vai pela 1ª vez .
    Por fim , deixo mais um pormenor : A bandeira do Espírito Santo e a sua coroa com a pomba têm de estar sempre presentes nas festas da Senhora . Tentei saber o porquê junto dos mais velhos e mais uma vez recebi a resposta : "Já o cá encontrêmos dos nossos intigos " Está tudo dito ....da "fondura" dos tempos chegaram até nós . Anseio e desejo que os mais novos tudo isto preservem ....                                                                                                                                                    Que pela campanha de Idanha-a-Nova se continue a ouvir ao som do adufe :                                                                                          "Senhöra do Almurteum
                                                       Já cá vamos à barrêra ,
                                                       apanhari as fitas verdes,
                                                      que cairam da Bandêra ".
                                                     
                                                       "Senhöra do Almurteum .
                                                         dai volta ao arraial ,
                                                         romaria como a vossa ,
                                                        não a há em Portugal "
               Refrão :                                                                                                                                                                                Olha a laranjinha
                                                       que caiu ,caiu ,
                                                       num rigato de auga
                                                       nunca mais se viu.
                                                       Nunca mais se viu ,
                                                       nem se torna a veri,
                                                       cravos há janela ,
                                                       rosas a nasceri ."                                                                                                                                                 

       
Eu  ,como não estive presente ,digo à Senhora :

                                                   Senhora do Almotão,
                                                   que lindo é o Teu manto ,
                                                   cor da rosa que Tu és ,
                                                   "Arraiana ", nosso encanto ."

  Nota - As imagens mais pequenas são de Santa Bárbara ,levada por mulheres vestidas de arrainas e a de S. Romão levada por rapazes. Os " Membros da Confraria da Srª do Almortão"  ,levam o andor da Senhora ; uma de cada lado do andor ,estão as 2" mordomas" que estão incumbidas de vestir a Senhora.
  Quanto à música tocada na "Arruéda" pela Filarmónica Idanhense .fundada em 1888 ,é o "Hino da Srª do Almortão". É tocado desde sábado de Aleluia  . Aqui os idanhenses manifestam a sua alegria , acompanhando a filarmónica , em voltas que circundam a  ermida , pelo menos em número de 3 . A Filarmónica conta com cerca de 60 membros que no dia 30 de Abril deste ano acompanharam ,entre outros , Janita Salomé num concerto de homenagem a Zeca Afonso .
    
    (  PS. Ainda no que diz respeito às várias romarias , acrescento que na 2º feira de Páscoa também há outra à Srª da Consolação )

        BEM -HAJAM  PELA VOSSA VISITA ; voltem sempre                                                       

sábado, 19 de março de 2011

É QUARESMA EM IDANHA-A-NOVA ...OS SINOS CALAM-SE ......AS MATRACAS RESSOAM.....

                                                   1- Sepulcro
                                      2-Encomendação das almas
                                       3- Bandeira das almas
                                      4 - Procissão do Enterro

É  Quaresma nas terras de Idanha -a-Nova ....A interioridade trouxe-nos pelo menos a benesse de nos conservar as tradições ... Como diz o nosso povo ,"há sempre um lado positivo em todas as coisas", ou à moda de Idanha -a-Nova ,"nem tudo é mau "! Neste caso,de que hoje falo , foi "atéi bom ".Muitos conhecem as cerimónias Pascais que na Semana Santa se fazem nalgumas regiões de Portugal e que os" média" têm divulgado. As nossas, até os ditos "média" as parecem ignorar . Só,  a noite de sábado de Aleluia , já foi alvo de 1 ou 2 pequenas reportagens televisivas que nem sempre deram de nós  a melhor imagem . É que na nossa Quaresma nada é encenado ou ensaiado. Os rituais são para nós naturais , passaram de pais para filhos ,ao longo dos séculos . Sabemos que  algumas das suas raízes vêem  da Idade Média quando os Franciscanos introduziram no ocidente o hábito de representar  cenas marcantes da vida de Jesus . No entanto ,  a forma  como todos esse ritos  se desenvolvem fazem- nos pensar nos " Mistérios"  ( celebrações de  factos de relevo  da vida dos deuses )  que já egípcios , gregos e romanos haviam realizado na Antiguidade . Esse tipo de manifestações mantiveram-se até à cristianização , passando depois a invocar passagens da vida de Jesus .
   Contudo , também aqui não podemos por de parte as tradições de influência Lusitana e Celta   ;  elas continuam a estar presentes nestas festividades que , igualmente ,  celebram o fim do tempo  escuro ( quaresma - quarentena -expiação-morte )  e a sua passagem para o renascimento da natureza (ressurreição - alegria -vida)  . Por último , não devemos ignorar as influências judaicas  que , como todos sabemos , estão presentes nas comemorações da Páscoa , isto é do "regresso do cativeiro no Egipto" e o fim da sua caminhada errática pelo  deserto , durante 40 anos...
        Todavia , não é esse o caminho que hoje pretendo seguir  . Hoje trata-se de ouvir o som da "matraca "que substitui o dos sinos nas cerimónias Quaresmais ,  de  Idanha-a-Nova . Ela , esse instrumento feito de madeira com argolas de ferro , "forma mais carregada de luto " no dizer de alguns historiadores , substitui o repicar dos sinos .  Estes calar-se-ão,  para se voltarem a ouvir  quando , em sábado de Aleluia , se proclamar :   "Jesus ressuscitou , alegrai-vos "! Aí , então , serão sinos , adufes , banda de música , apitos , "tchocalhos ", búzios (estes também usados no tempo da apanha da azeitona , para reunir ,de manhã cedo , o pessoal !!! ) e tudo o que fizer barulho , soará das mãos  e boca dos idanhenses ; primeiro ,  "Matriz " adentro e depois , dando a volta à vila . Antigamente , também se cobriam , todas as imagens e janelas , de panos roxos que eram retirados nesse  momento de explosão de alegria  ." Roma " terá proibido tal acto ,segundo me foi dito .
       Mas regressemos às  quase 7 semanas de Quaresma . De facto , não é só na semana Santa que há celebrações no concelho de Idanha-a-Nova. Elas começam a seguir à 3ª feira gorda , ou seja de Carnaval. .Na 4ªfeira de Cinzas, como o nome o diz , é o dia de lembrar ao homem que "é pó" e como tal deverá penitenciar-se dos excessos anteriores , se quiser salvar a sua alma .Aqui se dá início ao tempo de expurgação que continua logo com  diferentes rituais , na 6ª feira  ; tal sucede  por todo o concelho  . Aliás , até à Semana Santa ,as celebrações repartem-se, principalmente ,  pelos seguintes  dias : 3ªs ,  6ªs e domingo  ; a partir do fim -de -semana em que realiza a procissão dos Passos , há também rituais realizados ao sábado .
   Na minha terra ,  Idanha -a-Nova , logo na primeira  6ª feira se iniciam dois actos de relevo : o" ir ver Nosso Senhor"e a "Encomendação das Almas " . Estes dois actos decorrerão até ao final da Quaresma ,todas as 6ªs feiras . O primeiro passa-se na Igreja da Misericórdia " ,( a mais antiga da vila bem junto ao castelo que os Templários e mestre Gualdim Paes mandaram  construir em 1187 ); aí, todas as semanas são expostos , através de imagens , os momentos porque "Jasus " passou até à crucificação . O povo acode , todas as 6ªs feiras ,ao cair da noite ,orando .  Bem perto dali , no cimo do castelo ,às 24 horas , sim à meia -noite , e também  todas as 6ªs feiras ,se inicia a "Encomendação das Almas " . Mulheres vestidas de preto , à moda tradicional do "estar de luto " , isto é ,  com .xaile e lenço  de merino. saia comprida franzida  , blusa ,meias e sapatos ,tudo preto ;homens de capotes com capuz ,estes feitos de burel  ;  juntos , cantarão hinos suplicantes por alma dos que já partiram . Esperarão que o relógio da "Torre" , ali também "pertelinho"  ,bata as 12 badaladas  da meia-noite . Então , virados para a  nossa terra e para o cemitério  ,começarão os seus cânticos" à capela ". Concluirão , rezando e seguirão ,imediatamente , para outro ponto . Em 12 lugares se  realiza  este ritual , tendo sempre  de ser nos pontos  mais altos da vila de Idanha -a-Nova .E , se começaram pelo Castelo Templário , irão ,seguidamente , para o Castelo Velho , local onde creio  ter existido um castro Lusitano . Farão ,no entanto , uma paragem ,pois a 2ª "encomendação " é junto à  porta principal do cemitério que se encontra ao  descer da rampa que conduz ao castelo templário .
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 Entoarão:  
                                   
                                     «  Á porta das almas santas ,
                                         bate Deus a toda  a hora ,
                                         o que "querendes  mê Jasus"
                                         que "querendes "Vós agora ?
                                         Quero que venhas comigo ,
                                         p'ro santo reino da glória .»

O que originou este ritual ? Está ele ligado ao culto dos mortos ,vindo   assim , do início dos tempos ?
   Só sei dizer que é arrepiante ! Aquelas vozes , ecoando  na calada da noite ainda fria  ,creio que tocaram , tocam e tocarão  , ontem , hoje  e no futuro , no  âmago , no sentir   mais profundo de qualquer ser humano...
 

  .  Quanto às  várias terras deste extenso concelho ,seja ele o 2º ou o 3º maior do país , iniciaram  também várias cerimónias . Quero , aqui referir algumas ,  mas  meramente , a título de exemplo , como : a "Procissão Corrida " , A "Ladainha dos martírios do Senhor ",o "Terço cantado pelos homens ", A procissão dos Homens" (as mulheres só podem estar a ver passar a procissão tendo  candeias ou  velas acesas), " A Ceia dos 12 "," O Cântico da Verónica ", "A Via -Sacra ,de mulheres  descalças "....
Se curiosidade houver , da parte de quem tiver a paciência de ler o que aqui escrevo , digo que  sobre o vasto calendário que constitui a Quaresma por terras de Idanha-a-Nova , há um sítio que contém a sua  agenda ; é  de seu nome  "  Mistérios da Páscoa  em Idanha 2011 ". Não correrei eu assim , o risco de esquecer nenhuma dessas celebrações .
    Regressando a Idanha-a-Nova  destacarei também   " A Procissão dos Passos " ,com a reconstituição do encontro entre Jesus e Sua Mãe  :Esta procissão , antigamente ,  era muito longa ,percorrendo toda a vila . Faziam-se  várias paragens, não só para a reconstituição da caminhada para o Calvário , mas também devido ao peso das imagens  . Era pois  natural que as pessoas tivessem fome . Por isso , levava-se uma bolsinha com bolos típicos da época e que são , ainda hoje , os "borratchões , os bolos de lête , os esquecidos , os bosquetes e os broas de meli ".; a "bica de azête " que pode substituir o pão , traz-nos à memória o pão usado pelos judeus .
Realizam-se ainda   "A  Procissão de Domingo de Ramos"  e "A Procissão do Enterro " .
    Falar-vos-ei desta última  ,. Nela , todas as bandeiras têm de ir deitadas em sinal de luto e os homens, que  as levam  assim como ao esquife do Senhor , têm de cobrir a cabeça com o capuz  da " opa" preta que vestem..São os Irmãos da Misericórdia ,uma das várias confrarias que aqui subsistem  .. O silêncio em que toda aquela gente caminha ,é tocante   ; apenas  é interrompido pela marcha fúnebre que a banda (fundada em 1888) toca de quando em quando...   Também aqui tudo se passa à noite . As luzes das lanternas e tochas  empunhadas pelos irmãos das confrarias  assim como das velas dão ao ambiente um peso tristonho... Quando de regresso à Igreja Matriz ,depois de ter saído da Igreja da Misericórdia  e feito o percurso que é habitual ,  surge um outro momento digno de realce---- "A deposição do Senhor no Sepulcro ".
 No interior da Matriz , numa  capela lateral aí existente , está "armado" o Sepulcro do Senhor . É ele  enfeitado com pernadas  de loureiro a que se atam ramos  com laranjas  e, com aquilo a que chamamos "cabeleiras " .Estas são vasos de trigo germinado no escuro( o trigo germinado  fica assim  quase branco ! ) e enfeitados com pétalas de flores  ;  contornam , juntamente com ramos de jarros brancos ,  a cruz negra  feita no chão sobre tecido cor-de-rosa ; uma  outra cruz que parece sair da que jaze , se eleva em frente ao sepulcro , sendo esta feita  com jarros brancos  . Mas , não pensem que tudo isto é por acaso ... ,que se podem por outros tipos de flores ou de ramos ...Não ,  tudo tem um simbolismo . Assim o loureiro simboliza a fertilidade ,a promessa de criação , o Homem novo e , por ser uma planta de folha perene, fala do triunfo da vida sobre a morte  ; os jarros brancos são o símbolo universal da criação e por isso são também chamados lírios da paz ; as laranjas significam a imortalidade ,a fecundidade ;o rosa , do pano que cobre o chão ,lembra-nos que o túmulo de Jesus, segundo informações que vêem do séc VII , terá sido pintado com uma mistura de vermelho e branco .Simboliza regeneração ,redenção , tal como as opas , agora vermelhas  ,dos Irmãos do Santíssimo que passaram a ser a "guarda " do sepulcro e que  estão agora junto a ele  .
 Quanto ás "cabeleiras" ,pensamos terem  origem em influências que remontam  ao Egipto e à Pérsia da Antiguidade. No Egipto ,no dia em que se levantava antes do nascer do sol , a estrela Sirius (a nossa estrela da manhã )um sacerdote semeava trigo nas margens do Nilo ; regado pelo rio germinaria . Este era um ritual de regeneração e  tinha como fim pedir aos céus o seu auxílio .Na Pérsia , fazia-se  a festa do trigo germinado há 3000 anos .  Perguntar-me-ão como chegaram a estas terras as influências egípcias ?! Historiadores  , como por exemplo  Maria da Luz Huffstot , nos afirmam que a Egitânia foi o único território , a  Norte do Tejo , onde os cultos orientais  penetraram . ..
Assim é pois ,  toda esta a carga simbólica que se desprende do sepulcro todos os anos preparado por mãos de idanhenses  zelozos das suas tradições  . Mesmo que lhe desconheçam o significado ou as influências vindas do mais profundo dos tempos ,sabem ,no entanto , quais os elementos que devem pôr na elaboração do"Sepulcro" ,como o sabem em relação a todos os outros rituais...  Ano após ano ,de pais para filhos ,tudo o que deve ser colocado no" Sepulcro" ,  é transmitido .  Neste ,  tal como  em  todos os outros rituais ,  os pormenores da sua organização está gravado no coração  dos idanhenses.  Dos mais idosos tento , por vezes saber o  porquê  deste ou daquele ritual ; pergunto o porquê de  ser feito assim  ....Com a sua simplicidade respondem-me : "Já cá o encontremos  , dos nossos intigos , assim pous o fazemos !"....  
      Feita esta explicação , regressemos então à colocação de "Jasus " no Sepulcro ...
   A  tampa do Sepulcro  é pesada  ... Após o esquife ter sido aí colocado e feitas as orações , a tampa  é deixada cair , ecoando por toda a Igreja ...Ouvem-se vozes , no meio daquele silêncio , dizendo : "Já está " !!! Era aí que eu não continha as lágrimas , quando era criança ...  como se , a partir desse momento eu ficasse mais só ... Como se fosse o meu "terminus " ...Ainda hoje  , confesso  , fico de lágrimas nos olhos....
 
   Sábado de manhã  ,se o tempo estiver solarengo , é dia de por os adufes ao sol . Assim eles soarão melhor
quando ,à noite , a ALELUIA  aparecer . Então será tempo de , do silêncio de 40 dias passarmos ao barulho estridente que já referi atrás . Mas ,mais ainda haverá  .  Recordando o renascimento da natureza e o acto  partilha , após concluidas as cerimónias , o Sr. Padre dirige-se a sua casa em frente à Igreja acompanhado pelas adufeiras que já vêem cantando  . As "alvíssaras " ,ou seja o acto de recompensar por boas novas trazidas  , começaram com cânticos , acompanhados pelos adufes ,dentro da Igreja Matriz ;.continuarão depois  , como o prova o que  descreverei . Aqui fica uma  quadra das "alvíssaras "entoadas :
                                                                            "Já aparceu aleluia ,
                                                                              quem achou quem acharia ,
                                                                              foi o senhor vigairo ,
                                                                              no sacrário de Maria "
  Entretanto , a banda que já percorreu a vila , toca aquilo a que chamamos de "Aleluia ", mas que é o hino da Srª do Almotão . Ela , a banda ,  e todos os que a acompanharam estão de regresso  ao Largo do Adro ." Adufêras  e Musêcos " entram na casa do Senhor Padre para comerem e beberem... . Depois de os acomodar  , o Sr Padre dirige-se à janela...   Tem ,  junto dele,  muitos quilos de amêndoas em pequenos pacotes ,dados pelos comerciantes da terra . Frente à casa e  já de costas para  o edifício da Matriz ,  o amplo  adro está completamente cheio ...O povo espera ,os jovens deliram...Põem-se mesmo "às cochichas " (cavalitas ) uns dos outros ....A alegria é contagiante ... Todos estão felizes e acreditam que essas amêndoas lhes darão sorte !!!É pois , preciso apanhá-las , disputá-las mesmo ...Assim se faz , assim  se fará ...
Os pacotes de amêndoas  começam a "voar"...  e cada um tenta apanhar os que pode ...,assim é com a sorte , ao fim e ao cabo ....
 Ali , ao lado , na Praça da República as mesas estão postas ; há vinho pão e "tchouriço " para " partilhar e recompensar " todos  . Caso deseje uma recordação , pode adquirir  uma caneca de barro para beber o  vinho que quiser . Mas se não comprar há sempre um copo ... Cumpre-se a tradição : após o recolhimento é preciso festejar , partilhar ... comendo os "tchouriços " que desde a "matação " se guardaram para esse dia . . A Junta de Freguesia oferece ...Vários restaurantes e cafés fazem o mesmo...Antigamente ,só os rapazes comiam o petisco nas tabernas ... Agora a festa é mais  de todos ...e toda a noite se ouvirão os apitos e os "tchocalhos"  o búzio ( trazido talvez há séculos por algum idanhense que  regressou de fainas marítimas...) enquanto se começa já , como sucedera na Igreja , a cantar à Senhora do Almotão :
                                                                                                                                                                                                     Srª do Almotão ,                             
                                 minha tã linda arraiana
                                 volta as costas a Castela
                                 nã queras ser castelhana ." 

   Assim se cumprem ,uma vez mais , as  tradições " vindas do fundo dos tempos "... Delas , tentei dar uma brevíssima ideia ... Levaria muito tempo se todas quisesse narrar ... Mas comigo há uma esperança : que os mais novos continuem a preservar toda esta riqueza ...Acredito neles ....e que a UNESCO nos anuncie ,brevemente , o reconhecimento de que elas são :  .PATRIMÓNIO IMATERIAL DA HUMANIDADE ....

   PS---O rituais daQuaresma ,em todo o concelho de Idanha-a-Nova ,são mais de 200...                    

sexta-feira, 4 de março de 2011

" Ó Entrudo , ó Entrudo , ó Entrudo Chocalheiro " ..... assim cantava Zeca Afonso ,.....

   Sim ,é do "Intrudo Tchocalhêro "das terras perdidas....mas também  ignoradas por muitos , das tais que são restos da velha Lusitânia mas , que poucos sabem que continuam a existir e a persistir,  que hoje quero falar .
         Quero falar desse:   "Ó Intrudo ,ó Intrudo,
                                        ó IntrudoTchocalhêro
                                        que nã dêxas assintari
                                         as velhas ao soalhêro."
      Quero falar de algo que nada tem a ver com o que entendemos hoje por "Entrudo " ou o chamado Carnaval.
       Quero contar-vos como era esse Intrudo da minha infância , da minha adolescência  , para que não se vá na voragem dos tempos....
    Mais uma vez ,temos de ir muito atrás , reencontrar Lusitanos , Celtas e  Romanos que entre Fevereiro e Maio celebravam o fim do Inverno e o início do Verão . O recolhimento do Inverno estava a chegar ao seu terminus ,para dar lugar ao tempo do renascer . E , se a Candelária começara já a anunciar essa mudança o Intrudo dizia-nos que  estávamos à sua porta . A palavra "Intrudo" ,como se diz nas terras de Idanha , significa" Introito" ou seja "Entrada ". Daí virá , creio , Entrudo . Quanto ao "tchocalhêro " que pode fazer lembrar "chocalho " tem aqui outro  significado ; quer ele dizer "período de brincadeira ou também ,pessoa brincalhona ". Estamos , pois, num período em que se deve brincar , festejar a aproximação do  fim do tempo tristonho e ,simultaneamente , lembrarmo-nos que iremos entrar num outro de recolhimento , de preparação para a ressurreição de toda a natureza  . Esse será a Quaresma , a quarentena ,que nos levará ao  fim das trevas do Inverno . É pois , um rito de passagem do tempo velho para o tempo novo ,é a despedida da noite e o acolher da Primavera , é a chegada da renovação da Mãe Natureza .
 Os romanos ,que lhe chamaram Carnaval , faziam desta época ,um período de subversão da ordem estabelecida . Após a Cristianização,na Idade Média , dizia-se que ,nesse período o mundo ficava às avessas e que o diabo andava à solta que as máscaras representavam as almas dos mortos que apelavam à vida .Diz-se ,por isso ,que a palavra Carnaval significará -a carne nada vale ,"carne levare ".
   Mas regressemos ao Intrudo . Entre o Natal e a Quaresma ,faziam-se na minha terra "Os Jogos" sempre que o tempo o permitia .Eram danças de rua  , rodas de rapazes e raparigas  nas tardes solarengas de domingo ;  nos Largos da vila como o de S:João , o do Espírito Santo ou Jardim , o da Estrada Nova e o do Alto Ferreiro , cantava-se e dançava-se e recordo ainda um desses cantares :
                                       " Siga a roda ,siga a roda
                                        qu'eu tameim lá quero ir,
                                         eu sou rapariga nova ,
                                        quero m'ir adevertir.
                        Refrão :    Sã  tã  benitas ,
                                        sã benitas são,
                                        vêm d'Alcafozis
                                        a venderi carvão.
                                       Ó que lindo rancho,
                                        tem a mocidadi ,
                                        cantai raparigas ,
                                       à vossa vontadi ."
    ( Mais tarde aprendi que o último verso era "viva a liberdade "! ...mas , naqueles tempos tinha de ser diferente  ,pois a palavra "liberdade" era subversiva :)
    No  Intrudo havia a destacar : a 5ª feira das Comadres ,  o domingo magro , a 5ª feira dos compadres , o domingo gordo e a 3º feira de Intrudo . Na 5ª feira das comadres , ( antes do domingo magro ) ,as raparigas solteiras reuniam-se ,num rito preparatório já do tempo novo , e escreviam em papelinhos os nomes dos rapazes . Depois, cada uma tirava um papelinho, ficando a saber o nome do seu compadre. Na 5ªfeira seguinte , "a dos compadres", os rapazes ficavam a saber quem era a "moça " a quem deveriam ofertar no domingo de Páscoa as amêndoas ; ela agradeceria com a oferta de um lenço , uma gravata  ,etc ; tudo dependia das posses de cada uma . Muitas vezes estes "compadrios" acabavam em noivados e casamentos.
 No Domingo Magro iniciava-se a preparação para o jejum quaresmal e , portanto , nesse domingo não se comia carne . Mas ,no Domingo Gordo era o contrário ; era um dos dias e que se comia  ,não só carne mas ,alguns dos "tchouriços " guardados especialmente para ele . Os outros ficavam para comer no sábado de Aleluia .Mas , Domingo Gordo era o dia de todos os excessos alimentares que iriam até 3ªfeira à meia-noite  Ora , este domingo marcava o início dos festejos . As raparigas vestiam os seus trajes de "Arraianas " e com ele se passeavam , dançavam nas rodas e nos bailes ,  acompanhadas pelo toque das concertinas e debaixo dos olhares protectores das mães..Lembro-me ainda de mim , criança , orgulhosa no meu traje de arraina ...      Agora , quero  lembrar as "caquédas "(cacadas) que muito arreliavam as mulheres da Idanha . Consistiam elas em atirar, pelas escadas acima das casas ou na sua entrada  ,vasilhas de barro contendo bugalhos , latas e outros pequenos objectos barulhentos . Claro que a dita vasilha se partia   ,sendo acompanhada duma grande barulheira . A dona da casa ,face ao ruído , corria para ver quem eram os malvados que lhe haviam"sujédo o seu almiére "... Mas ,eles ,normalmente já se haviam escapulido ,restando à dona da casa soltar algumas imprecações e limpar a entrada.. .Devo ainda acrescentar que a vasilha de barro , era normalmente roubada a outro vizinho ,sendo muitas vezes um vaso que ainda continha restos de terra .As partidas eram ,regra geral , levadas acabo pelos rapazes e as piores "caquédas " destinavam-se a pessoas  de quem não se gostava muito . Na 3ª feira bailava-se nas ruas, as mulheres mais velhas cantavam  ,atiravam-se serpentinas , pregava-se sustos às pessoas mas ,  antes da meia -noite, tudo tinha de parar . Havia que limpar os sinais dos folguedos ,pois tal já não seria possível , após as 12 badaladas do sino da torre da Igreja . Tal seria pecado ,porque havíamos entrado na Quaresma . Agora ,havia que pensar em ir à missa das cinzas ,recebê-las sobre a testa em forma de cruz e ouvir dizer : "lembra-te ó homem que és pó e em pó te hás-de tornar "...As festas só voltarão quarenta dias depois  ,com a Aleluia que aqui lhes digo ,é diferente da de todo o país... O mesmo se passa com a nossa Quaresma . Pelo concelho fora há  cerimónias únicas ,ao longo do tempo quaresmal , actos espontâneos que ficaram connosco ao longo dos séculos ,que passaram de geração em geração e que são feitos de todo esse saber , não havendo qualquer tipo de encenação .Por isso mesmo , pela sua riqueza histórico-religiosa , eles estão já neste momento na Unesco e em vias de serem reconhecidos como património imaterial da humanidade.
      Assim é a minha terra  ,essa de que me permito afirmar como Nuno Villamariz Oliveira : "Lugar onde se respira o ritmo  incessante das paisagens, ora secas , ora verdes de luz , como se aqui batesse O CORAÇÃO DE TODA A BEIRA BAIXA...."ou como muitas vezes Paulo Loução lhe chama :
    "terra de Mistérios"...    

P.S.- O trajo de "Arraiana " é colorido ; saiote de lã de cor viva ,plissado ,com listas pretas   em baixo , formando uma barra ; na cintura a sacola de lentejoulas e bordados ,é usada do lado esquerdo e o avental preto bordado ; a blusa branca com rendas e bordados ; o xaile , normalmente de cor preta , é estampado ou bordado a fio de seda , com ramagens coloridas ;  pode , no entanto, ter outra cor de acordo com a saia , cruza-se sobre o peito e , passando por baixo dos braços , ata-se atrás na cintura ; os sapatos são pretos ,as meias brancas e rendadas . Contrariamente ao que sucede noutras terras do concelho ,em Idanha -a-Nova não se usa , regra geral , lenço na cabeça  e a blusa tem de ser sempre branca .  

                                   
                BEM-HAJAM todos pela vossa visita ..                                                            
       
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